Distante Mulher

Lábios!
Lábios que levam aos céus
Lábios que queimam os véus
Lábios que descrevem o delírio dos homens;

Lábios!
Lábios que distraem os olhos
Lábios que na alma formam refolhos
Lábios que, iguais, só tu tens;

Lábios!
Lábios que despertam a vontade da alma
Lábios que, só de olhar, já me trazem inigualável calma
Lábios que de vez em quando parecem que jamais serão meus;

Desabafo VII

   É meio patológico essas coisas de gostar de alguém, estar com alguém, amar alguém... Se você parar pra analisar, tem muito a ver com doenças sim. É algo que mexe intimamente com nosso sistema nervoso central, alterando nossas percepções, nossas reações às coisas. É interessante perceber essas coisas... A imagem não sai da sua cabeça, o sorriso ao ver ela é natural e involuntário...

   Esses dias eu me senti meio nostálgico. Eu tava me lembrando do inicio do ano, que eu ia pra casa da minha amiga... a gente ficava abraçado, vendo TV. Era um sentimento muito bom, sabe... algo que eu as vezes sinto falta. Carinho é uma coisa que eu sempre tive, e quando fico sem me da saudade... é bem ruim isso.

   Mas sei lá, acho que não é nada insuportável... Convivo com essa falta já tem um tempinho... não é como se fosse algo cuja minha vida dependesse... Enfim, só queria partilhar essa idéia mesmo. 

   

Ladrão de Sonhos

   Noites tão escuras quanto tua mente, eu entro e consigo pressentir tudo que pensas enquanto se faz de morta na cama. As imagens que dançam são todas cheias de tristeza e loucura, e nada que você dizia nesse pensamento perdido fazia sentido. Era como se ninguém te entendesse, e todos ignoravam você. Olhavam e pensavam: "O que esse estorvo quer?". Choravas e soluçavas. Dava pena e ver, mas continuei assistindo.

   Depois de muito andar, finalmente acordaste e eu fui expulso de tua mente. Acordaste chorando e com medo de que ninguém ouvisse o que dizes. Eu observava suas incrível performance, tal qual uma atriz. Era lindo a forma natural que as lágrimas caíam, e como o corpo tremia.

   Visitarei-te outras vezes mais, apenas para ouvir esses soluços que me dão tanto prazer e ver esse choro que desenha o sorriso em meu rosto mais uma vez. E espero que eu seu próximo sonho todos ouçam o "Mas eu amo tanto vocês!" que tanto berravas.

Universidade Federal do Rio de Janeiro

   Ontem eu resolvi ir mais cedo pra Faculdade. Sentado no banco do ônibus, a Avenida Brasil ainda era iluminada pelos postes elétricos e pelos faróis dos carros e as pessoas pareciam ainda não ter acordado completamente. Nem mesmo as que estavam de pé.

   Estranhamente, eu estava desperto e sem um pingo de sono. e, mais estranho do que minha falta de sono era o sorriso leve do meu rosto e minha respiração tranquila. Tudo isso às quatro e cinqüenta da manhã. Eu via as passarelas da avenida passando, o número delas ficando cada vez mais perto da doze, que é onde eu desço. E o dia ainda tão escuro quanto a noite.

   Quando desci do ônibus, peguei o segundo que me deixa na frente do meu prédio. na primeira curva que ele fez, eu consegui ver um lindo nascer do Sol. Falam muito do pôr do Sol, alguns loucos até o aplaudem, mas sempre achei o nascer dele muito mais bonito. É como se alguém tivesse cortado o céu com uma espada, e só ficaram enormes rastros laranjas, com algumas pinceladas purpúreas. Meus olhos ficaram congelados, olhando para aquele paraíso de cores até o ônibus virar de novo e tirar a perfeição do meu campo de visão.

   Cheguei até cedo demais. Eram dez para as seis da manhã e eu estava sentado na escada do prédio. Minhas únicas companhias eram um cão e três libélulas. Dava pra ver o Nascer do Sol, então eu não me preocupei em ter chegado muito cedo. Só fiquei lá sentado, admirando. 

   Já é a segunda vez que eu vejo o nascer do Sol na faculdade. A primeira vez foi no primeiro dia que eu fui pra lá sozinho. Me sentia bem lá. Eu sinto o ar mudar quanto entro nos domínios da universidade. É mais leve, carrega sorrisos e preocupações vãs que somem tão rápido que nem lembro de todas. É uma sensação que não sentia desde que saí do Colégio Pedro II. Eu via o nascer do Sol quando ia para lá também, e foi a primeira vez que eu tive mais de três minutos pra admirar.

   Saudades. Muitas saudades do meu Colégio. Mas acho que a minha Faculdade me ajuda a suprir isso.

Vermelho

Eu sou o lorde de teu prazer;
Eu sou a ganância em teus olhos;
Eu sou a desconfiança de teu amante;

     Poderia, por vezes, simplesmente te dizer o que eu sinto cada vez que fito teu corpo formoso me convidando ao pecado, e poderia também apenas agir, sem nem uma palavra a mais. Não os faço, ora por medo, ora por achar que és demais para mim. Mas se eu pensar não só eu teu desejo, mas no meu também, é questão de tempo para que nossos lábios se toquem, para que nossos corpos dancem juntos, e para que uma chama vermelha se acenda entre nós por breves minutos. Minutos onde somos apaixonados um pelo outro, e jamais conseguiríamos viver sem o outro, mas apenas por breves minutos. Pois não és a unica a despertar esta chama em minha mente. E eu não sou teu, nem dela, nem de ninguém. Eu sou do fogo. Da paixão. Do poder. Daquela que conseguir me seduzir por minutos menos breves.

Eu sou aquele que faz tuas noites tão claras quanto o dia;
Eu sou aquele que faz teus dias tão divertidos quanto a noite;

Eu sou o que quiser que eu seja, mas quando eu quiser ser;

Três Nove Sete

Muitos prédios
Muitas casas velhas
Pessoas, muitas pessoas
Cimento, asfalto e carne
Céu nublado por pensamentos oblíquos
Musica ligada no ouvido
Mais pessoas
Menos espaço
Barulhos irritantes
Vento no rosto
Sono
Cochilo
Sensação estranha na boca
Coceira nos olhos
Muito mais gente
Tempo que nunca passa
Menos gente
Mais espaço
Duas horas se passaram

E tudo aquilo que me faço indiferente

O Maior Amor

   Os dias passam, mas sinceramente, isso não faz diferença. Poderia ser três horas da tarde por três dias seguidos que eu estaria aqui, sem perceber o tempo não passar por meu rosto. Tem algo esquisito no ar, que não me deixa perceber as coisas mudando. Mesmo que essa mudança seja em mim.

   Eu mudei. As pessoas mudam, oras. Mas eu estou me estranhando. Eu não sou quem eu conheci a alguns poucos anos atrás. Eu sou um cara estranho, despreocupado e relativamente feliz. Quando eu me conheci, eu era mais preocupado com as coisas e com as pessoas. Eu era mais normal, não tão fora do padrão. Eu continuava feliz, mas era um pouco mais baixo e minha voz não era tão grave.

   Tenho rugas e cabelos brancos, mas nem passei dos vinte. Reclamo das coisas que nem me preocupar de verdade me preocupam. Reclamo só pelo direito que tenho de fazer isso. Parei de me importar se meus textos estão com um português corretíssimo, ou se meus poemas tem um tom mais barroco. Que se dane.

   Meus óculos estão sempre sujos. Meus olhos estão sempre vendo sujeira mesmo, pra que limpar? Minhas camisas estão sempre um pouquinho amassadas, algumas mais largas, outras mais justas. Minhas calças, todas elas, tem um pequeno rasgo, alguma imperfeição. Minha meia predileta tem um enorme rasgo no pé direito e meu casaco cheira a laboratório. Meu boot está constantemente cheio de lama. Amo todas as minhas roupas, e não as trocaria por nada.

   A mesa do meu computador tem tantas coisas que eu deveria fazer uma série de textos pra descrever a importância deles pra mim. Uma foto dos meus amigos, uma ocarina e uma lavalamp. Dois carrinhos e um envelope de remédio pra dor de cabeça. carregadores de pilhas e uma agenda da faculdade. Um porta canetas, um porta CDs e os emblemas do Pedro II. Tantas coisas que me orgulho de ter que não se imagina.

   O porque desse texto tão estranho e diferente? Pelo mesmo motivo de eu ser tão estranho e diferente: Porque eu quero. E eu gosto. E eu amo ser assim. Eu me amo, é por isso.

Nem sempre calmo, mas nunca preocupado.

   Tem sido meu lema. Não me preocupar com as coisas, não me importar com os defeitos, nem com os meus nem com os alheios. Apenas viver, e ver. Ver no que vai dar, o que vai acontecer.

   Tenho buscado inspiração nas coisas cada vez mais simples, tenho visto as coisas com olhos cada vez menos críticos, parado de me importar tanto com o rancor que guardei, com a raiva que senti. Praticamente, estou no processo de substituir os meus sentimentos negativos por indiferença. Acho que viver fica mais fácil quando simplesmente ignoramos essas coisas dignas do nosso total desprezo.

   Não é fácil... Eu meio que me acostumei a nutrir esses sentimentos negativos pelas coisas que não me agradam. Mas não é impossível. Na verdade, é bem mais fácil do que esperava, embora não seja a coisa mais tranquila de se fazer. Mas é até interessante observar como as coisas andam quando simplesmente relaxamos. Quando deixamos as preocupações de lado e vivemos. Quando deixamos as coisas acontecerem, mesmo que mais à frente visemos a derrota, o fracasso ou a vitória "meia-boca" que não desejamos. Deixa viver, só acontecem coisas boas quando a gente relaxa.

   Relaxar, sentir o vento passando, deixar o atraso e o compromisso um pouco de lado, só pra sentir o silêncio, a calmaria... Tudo que uma pessoa com tantos cabelos grisalhos poderia querer. É a sensação que eu busquei por tanto tempo, e que finalmente achei na minha forma de viver mais despreocupada com os sentimentos, tanto os meus quanto os dos outros. Fica tudo mais fácil quando deixamos nossas vidas sendo nossas e apenas ligando pra elas, sem se importar se isso machuca ou não o próximo.

   Nem sempre calmo, mas nunca preocupado.

Negativa

Não, não me levantarei.
Permanecerei aqui, deitado, de olhos fechados;

Não, não serei a hiena.
Não rio das mortes, apenas as desprezo;

Não, não me tornarei eternamente responsável pelo que cativei.
Já não me faz diferença, de qualquer forma;

Não, não estarei lá pra te segurar.
Não estarei em lugar algum, principalmente se você estiver lá;

Não, não vou olhar nos teus olhos e contar mentiras.
Seria melhor nunca mais fitar-te;

Não, não quero. Não quero.
Jamais irei querer. Nem sentir, nem ouvir.

Não, esqueça. E não esqueça de esquecer;

Primeira Carta

Caríssimo Corpo

   Como tem passado? Muito tempo que não nos encontramos. Desde nosso ultimo encontro, tantas coisas mudaram na minha vida que um papiro como esse seria pequeno demais pra contar. Tentarei, assim mesmo... De tudo, o mais importante é que finalmente achei um lugar pra ficar. É diferente de todos os lugares que já estive, mas é estranhamente confortável, apesar de pensar em ir embora de vez em quando... Mas é só eu me recostar perto da lareira que esse pensamento me foge... Todas as outras coisas que mudaram em minha vida são de uma natureza inexplicável. Uma delas é que me sinto leve e liberto. Liberto de tantas correntes e de tantas amarras, como costumava ser o passado. Não tenho feridas (elas ficaram com você, perdão), mas as lembranças doem mais, acredite. 

    Nosso separo me foi difícil em um primeiro momento. Não se acreditava que era possível que eu fosse feliz longe de ti, e realmente tem sido difícil. Mas não impossível. Espero que fiques feliz em saber que consegui me libertar de você. Desejavas tanto isso... Um pouco de esforço maior de minha parte e finalmente podemos seguir caminhos diferentes.

    De resto, O que não é novo continua simplesmente velho. As coisas não mudam muito, ainda mais se não há nada pra envelhecer. Ainda posso aprender muitas coisas e sinto que agora posso ir mais além. Além de tantas barreiras. Mas devo admitir que sinto falta do teu aconchego, meu corpo... Não é impossível me livrar de você, mas é difícil, ainda assim. Mas a morte falou mais alto, eu acho, não?

    Bem, sigamos nossas vidas (pelo menos eu...) e que tenhas um bom descanso. Apesar de utópico, espero que nos encontremos um dia.

  Com carinho, Alma;

Desabafo VI

Tenho andado melancólico ultimamente. Me sentindo, além de um tanto vazio, um pouco desnecessário. Não há motivos... Só acordei assim, simplesmente, como quem acorda com uma dor no pescoço. Tentando esquecer que as coisas não são como deveriam e que o mundo é só um lugar onde as pessoas que nós não gostamos moram. Tentando lembrar da época em que sonhar era tão fácil quanto dormir, que respirar não era assim tão difícil e não arrancava tanto sangue. Tentando me manter de olhos abertos enquanto minhas pupilas se acostumam com essa luz ofuscante que uns chamam de sol, outros de dor, mas que nunca ninguém irá me convencer de que não é raiva da vida. Vida injusta, vida ingrata, vida que arranca vida. Vida essa que deixou os dias cada vez mais cinzas e as árvores cada vez mais nuas, sem seu verde. Vida que é tão burra a ponto de achar que tudo de ruim que ela faz comigo é capaz de tirar o sorriso em meu rosto. Ele continua ali, mesmo que falso.

Mas tudo tem seu lado bom. Botas, calças, casaco, fones de ouvido e passos lentos no chão molhado são até confortáveis de se viver, afinal. E eu tenho que me acostumar com essas nuvens, essas gotas mal formadas nas lentes dos meus óculos, às manchas de lama nas botas, e a tudo que só me faz lembrar que, como chuva, minha vontade de continuar caiu ao chão. Caiu, mas logo retorna aos céus. É tudo questão de tempo.

Coração Espelhado. Por Joker.

-Por Joker-

Um batimento cardíaco acelerado desmarca o meu ritmo.
Por tanto tempo, resolvi ignorar a existência desse dragão que inflama cada parte do meu ser.
Por vezes, acreditei que não mais precisaria querer usar o seu poder.
Esse sentimento que me impulsiona a fazer coisas que eu não sabia que queria

Esse sentimento, que te dá força, que te torna indestrutível
é o mesmo que te cega e que tira sua razão
Por mais engraçado que seja, há também uma pitada de prazer em se sentir assim,
tão forte e tão desprevinido ao mesmo tempo.

Uma simples expressão nunca vai ser o suficiente enquanto isso ainda habitar o meu peito
Uma simples demonstração não é forte o bastante para me curar
Um grito seria inútil... como na água, ninguém iria me ouvir...
Como na água, a pressão do meio é muito maior do que meus pulmões podem superar
A sensação de incapacidade só aumenta a necessidade de gritar, e me coloca num ciclo infinito

É interessante como esse sentimento se assemelha com seu oposto
o ódio e o amor não se completam. São como um objeto real e uma imagem no espelho.
Para quem acha que o texto é sobre o amor... Fique atento, um dia o ódio também vai te surpreender!

-Por Joker-

Como Morrem os Poetas

Da vida se criam letras
Das letras, palavras
E das palavras todo um coração

Dos corações, saem as veias
Levando o escarro vermelho
Que tanto me alimenta a paixão

Mas de tanto ver, de tanto sonhar
Já me perdi várias vezes
E, aparentemente, jamais me encontrei

Porque se te prostras a escrever
Deves sempre saber o que dizer
E eu não sabia, só relatava o que sonhei

E se isso ocorre, se esvai minha inspiração
Se prende minha respiração
E nada mais posso poetizar

E, sem nada poder fazer
Vejo meu papéis, meu mundo se desfazer
E perco a capacidade de rimar

Heineken

        No fim do mês as coisas parecem cada vez mais tristes. As reflexões só te levam ao fundo de um abismo e nos vemos mais uma vez pensando no que nos faz mal. Tudo que me faz mal e me faz errado. Tudo que me leva a pensar...

        Agora me vejo no espelho como um pateta. Um pateta que dá valor a quem não me deu valor, e não dando valor a quem me dá o devido valor. Me igualando a corja que eu tanto amo. E a vida ri, enquanto continua a me enganar. Foco. Foco.

        Vida me desgasta. Viver me cansa, as vezes. Não, nunca pensei em parar, meus motivos são fúteis demais pra tal coisa. Mas sim, as vezes cansa. As vezes deito na cama e sinto uma força estrondosa me empurrar contra o colchão. Chame do que quiser, pra mim é culpa, com um pouco de raiva e cansaço. Só preciso fechar os olhos e dormir. Dormir de verdade, e só acordar quando você morrer.

        Amigos, refúgios, trincheiras, solidões e Heinekens. Mulheres, problemas, dores e, por fim, mais Heineken.

Alternativas

Já que temos que existir, Amor
Tentemos viver

Já que vamos morrer, Amor
Tentemos ser felizes

Já que será falha essa rima, Amor
Tentemos não ouvi-la

Já que tudo era mentira, Amor
Tentemos esquecer

Já que sumiste para todo o sempre, Amor
Que sejas feliz, de braços vazios;

Do que lembrar mais adiante;

Não há inspiração
Não há esperanças mais
Não há luz no fim do túnel
Não há vontade de ter algo a mais
Não há chances de entender
Não há estrelas brilhando dessa vez;

Mas não há tristeza.

Sinatras de olhos tristes

     Sempre acordo sem lembranças
     Apenas tentando ter esperanças
     De que, quem sabe, haverão mudanças
     Mas que ainda restariam algumas semelhanças

    Como viver sem tua imagem?
    Como adormecer sem essa plumagem?
    Porque tudo que quero é curar-me da dor
    E te seguir, seja pra onde for

   Eu já não ouço a banda tocar
   Só penso em te tocar, te ter e te olhar
   Mas como posso apagar tuas dores,
   Se a Morte quer beijar-te, e queres beija-la de volta?

   A herdeira das tardes róseas
   Tardes encobertas por brumas
   Herdeira do meu domínio
   Cantas meus desejos em silêncio

   Mas não deveria me preocupar tanto
   Nem sei se é um motivo para um pranto...
   E eu nem sei mais se o que eu sinto existe
   Talvez eu seja mais um desses Sinatras com o olhar triste

Do sol, da Lua e de tua face

          Por entre blocos de cimento e ferro, eu vi o sol nascer. Eu vi o céu tingindo-se de lilás e laranja, bem aos poucos, expulsando o roxo e o azul da noite passada. O Sol, agora por mais doze horas reinará. Cairá e reinará. E assim será, até que a morte separe-o da Lua.

        Lua que se ilumina com o Sol. Sol que mostra a Lua aos humanos. Humanos que olham pra Lua como um Deusa. Deusa que abençoa os mares. Mares que se tornam fontes vivas do reflexo do Sol nascente. Nascer, morrer e renascer, para morrer outra vez, só para nascer mais uma vez, e assim criar seu ciclo.

        Satélites morrem sem o direito de um funeral decente. Estrelas perdem sua luz lentamente, vendo seus amigos dando um ligeiro adeus com os olhos rasos. E o Sol morre e sua morte é ignorada. Nascerá de novo, pra que importar? Mas nunca se sabe, né?

        E amanhã a magnificência de uma luz quente voltará a aquecer meu rosto, e tudo voltará a ser como sempre foi. E amanhã, ao acordar, com o sol me acarinhando o rosto, teu rosto me aparece e meu sorriso se forma. Todos os dias.

À Beira dos Conformes - Por Joker

-Por Joker-

Já não encontro músicas que exprimem o que eu sinto. Eu não queria mais dizer que estou bem, pois eu minto
Existe, porém, um enorme espaço vazio na minha falta de tempo que eu preencho com uma ansieade que por vezes, se confunde com insanidade.

Sinto como se um abutre tivesse arrancado uma parte de mim, e levado embora, voando com suas grandes asas negras
Não é uma dor, é uma dormência. Não é o sabor, é a ausência. Um pouco de solidão, um pouco de carência(?).
Descobri que não sou tão forte e que uma pitada de agonia não dissolve no tempo. Que o medo se propaga na ausência da reciprocidade.
Sentimentos que cortam como o vento, mas que deixam um ar tão denso quanto a incapacidade.

Os dias ficaram pesados, a rotina ficou cansativa, a angústia se fez cada vez mais notável, pensamentos negros afloraram.
Eu nem sei quando foi que isso começou, não faço ideia de como vai terminar... mas tenho medo.
A imensa fome de viver, de repente, foi saciada. A ansiedade de um novo amanhecer, se tornou ansiedade de adormecer.
E fingir novamente que eu acredito que as coisas vão ser colocadas em seus devidos lugares antes que eu abra meus olhos e veja que tudo que um dia eu planejei, se transformou em... em que mesmo?
Eu já não lembro dos meus sonhos infantis. Daqueles em que você ainda acredita que as coisas serão do jeito que você quer
E parece que a cada dia, alguém martela isso na minha cabeça: "nada pode ser tão bom quanto você gostaria que fosse". É facil ignorar isso no começo.
Mas depois de um tempo, as pessoas parecem fazer questão de provar que isso é verdade, nunca vendo o lado daquele que não quis acreditar.

E assim, os dias ficam cada vez mais pesados, com a leve impressão de que algo que antes te pertencia, está se afastando...

-Por Joker-

Às Borboletas.

      E tiraste das minhas costas todo o pesar, e salvaste minha alma do vazio negro. Um, e apenas um dia, me bastou pra me sentir jovem outra vez. Da mais pura forma da demonstração de afeto. Ah, como é doce a sensação de sentir as estrelas olhando pra nós, e como é bom o toque de lábios. Como é bom ouvir, dentro do mais completo estardalhaço, um silêncio, que toma conta do mundo exterior. As pessoas, os carros, as paredes, o teto e o som, tudo some, e só há duas pessoas, em todo mundo. Apenas elas, se beijando.

      E, como se seguissem partituras ou como se fossem guiadas, a sincronia do movimento era perfeita. Fecham-se os olhos, para que nada mais precise fazer sentido. Abraçam-se, tocam-se, conhecem-se. Beijam-se. E ali se descobre as dores passadas, as alegrias futuras e muitas outras coisas sobre quem se prostra diante de você. E nos sentimos parte dela. E nos sentimos bem.

        O escuro não é suficiente pra me impedir de olhar nos teus olhos. A respiração forte e o toque dos narizes. Olhos fixos nas pupilas dilatadas e contentes. O sorriso bobo, sempre tão bom de se exibir. Só para-se de olhar um os olhos do outro para que os lábios se encontrem. E depois os olhos, agora fascinados, se fixam de novo, e assim a noite se segue, até a hora da partida. E o frio segue seu rumo, ao meu lado.

        Andando por entre as luzes amareladas, eu já lembrava. Eu já tinha lembranças. Eu sorria, como nunca sorri antes. Eu me sentia feliz como a tempos não me sentia.

        A noite termina. A felicidade e o encanto não.

Desabafo V

        Eu resolvi dar uma volta no tempo e olhar as folhas jogadas no chão do meu quarto. Muitos textos que eu mesmo escrevi me traziam vergonha, medo, e até mesmo algumas gargalhadas por encarar o passado, mas já sabendo como essas histórias terminam. É muito estranho reler essas coisas.

        A pior das coisas é você gostar do que fez, mas querer mudar. Querer apagar aquela tinta e colocar a nova, a mais recente. Mas não posso. Até tenho como faze-lo, mas isso seria violar meu passado. Desrespeito as fotos antigas. Não... Deixe lá. Recordações nunca são demais, ainda mais de épocas que nos foram tão boas. Foram boas, ora... Machucaram sim, mas na maioria das vezes eu estava sorrindo. Sempre sorrimos quando olhamos nosso passado, mesmo quando estamos com os olhos rasos d'água.

        Mas é tempo de uma nova partida. Um começo completamente novo. Assim como sorrimos ao olharmos o passado, devemos sorrir ao viver o presente e imaginar o futuro. Devemos ter nossos sonhos. E, se já não mais sonhas o que outrora sonhou... Substitua-os! Não há vergonha em mudar de idéia. Todos, em algum momento da vida, pensam fazer escolhas certas, mas que nos levam à forca. Se saímos do caminho a tempo, ótimo. Retome sua vida e passe bem.

      Nos reservam coisas boas. Sempre teremos coisas boas, por mais que soframos agora. E, quando mais estamos sofrendo, nos aparece alguém. Alguém que parece nos conhecer de outras datas. Alguém que te conheces de outros lugares. Alguém que esteve próximo, mas que nunca percebemos. Alguém. E então vivemos mais momentos felizes, que serão levados juntos aos nossos olhos, como histórias, ou de segundos, ou de vidas.

        Perceba, caríssimo leitor, que não há pesar em minhas palavras. Perceba que não há arrependimento do passado. Talvez um pouco de vergonha, mas vergonha de mim mesmo. Vergonha por não saber lidar com as coisas ou até mesmo vergonha por deixar a areia escorrer pelas minhas mãos. Mas arrependimento não.

        Agora meu conselheiro é o tempo. Meu porta-voz é o vento. Deixemos viver, ora pois. Deixemos que o destino brinque conosco. Deixemos que as coisas tomem seu rumo, e rezemos pra que nossos caminhos se cruzem mais uma vez. Deixa... Deixa viver!

        Da mente ao copo. Do copo aos pés. Dos pés aos ouvidos e dos ouvidos aos lábios unidos. Noite que embala o sono sonhado por esses sonhadores sonâmbulos: Saúdo-te e agradeço-te.

Uma Canção Menos Grosseira

    Dessa vez, deixarei os meus dedos me guiarem. Deixarei que minha vida tome o rumo que meus olhos desejam. Dessa vez, minhas palavras terão o poder. E eu, o dono da história, criarei um mundo novo e menos barulhento. Reinará a paz a cada página, e no final não teremos festa, mas sim o dia-a-dia de pessoas felizes pelo nada que possuem.

    Esse mundo terá um nome simples de se proferir e uma bandeira fácil de se desenhar. Terá paisagens boas de se olhar e céus de cores diferentes. As tardes serão mais longas que a noite e o dia será mais calmo que a madrugada. Todas as vezes que o Sol for se pôr, eu estarei lá, sentado no topo da montanha mais alta, assistindo o meu mundo. O meu mundo... Meu.

    Quando eu escrever sobre o Mar, lembrarei de criar as algas, os corais e os navios piratas naufragados mais próximos da costa. Farei com que cada criança saiba dos segredos dos bandidos, e cada uma delas terá uma infância tão cheia de fantasias que crescerá com o mesmo sorriso infantil. Essa criança vai querer contar a todos "Vejam! Um navio de piratas! Eles têm aquelas espadas legais e tudo mais! Vejam, vejam", mas os adultos estarão ocupados, invejando a infância desse pobre diabo. O sorriso infantil some, e em seu lugar entra o olhar adulto de frieza e inveja daqueles que não foram forçados a jogar suas infâncias no lixo.

    Eu vou ter pena das almas desses, e estarei sempre lá, amando cada personagem que criei, como se fossem parte de mim. Amarei a cada um, e sempre tentarei escrever uma história mais feliz. Uma série de crônicas pra reconfortar aqueles que perderam seus pais cedo demais. Amarei a cada um, como se a tinta fosse meu sangue a caneta fosse a fibra de meus músculos. Amarei tão cegamente, que não verei obstáculos para ajuda-los.

    Mas esses ingratos me odiarão. Eles se perguntarão porque suas vidas foram criadas, e porque sofrem tanto ainda. Vão se perguntar porque foram criados. Por que nasceram? "Por que existe alguém que acha divertido ver a dor de alguém inocente da própria existência? A culpa... A culpa é do meu criador! Se não fosse por ele, eu jamais sofreria tanto... Odeio você" diriam eles, e eu, em todo o meu amor, me machucaria demais, tal qual um pai ao receber o ódio de seus filhos.

   Mas se você acha que sou Deus, estás enganado. Minha diferença para Ele é que Ele sabe perdoar. Ele perdoa e te ama cegamente de novo. Eu... Eu criarei finais tenebrosos, de dores e sofrimento a cada um dos rastros de tinta falhos que criei. Farei a literatura se transformar em um inferno de dor, e destruiria esses hipócritas, que dizem odiar minhas criações, mas estão sempre pelas noites aproveitando meu mundo... Meu mundo... Meu. Destruiria esses idiotas de olhares carentes e vazios. E, no final, só restariam as crianças, que ainda brincam de piratas na praia.

    Eu descobrirei a hora certa, e enfim criarei outro mundo. Nesse novo mundo, não há dia. Não existe nem o dia, nem a noite, nem a madrugada. Apenas as tardes felizes e róseas. As praias terão muitos piratas e as florestas muitos monstros. Mas qualquer criança será capaz de vencê-los. Esse mundo não terá nome, nem bandeira. Esse mundo não terá abismos, nem mortes. Ninguém morrerá. Ninguém envelhecerá. Não haverá a passagem do tempo. E todos nascerão sobre o mesmo pôr-do-sol. Sob o mesmo hino.

    E eu farei questão de que o hino desse mundo seja uma canção menos grosseira que a do meu primeiro erro.

A Correnteza

    Então me bate essa súbita vontade de proferir palavras que possam ajudar-me a me livrar dessa dor de cabeça. Apenas colocar as palavras no rio, e deixar que este faça seu trabalho e leve o cadáver literário de uma mente confusa pra longe daquele bar sujo, onde nos fundos eu matei um inocente. Deixe que o Mystic faça seu trabalho.

    É que não quero, por mais uma vez, pagar pela rebeldia de minha língua. Não poderia jamais suportar a dor da perda mais uma vez... Mas é aí que peco mais uma vez, pensando na perda de algo sem posse. Pensando... Peco pelos meus pensamentos oblíquos. Me diga porque sua imagem, tão recentemente formada e gravada, teima em me aparecer a todo momento... Me diga porque eu, que sempre fui frio, caio mais uma vez nas graças de braços formosos e sorrisos sedutores. 

    O medo toma seu trono. Aparece com o único propósito de me mostrar a verdade, mas de uma forma assustadora. Verdades que podem doer. Verdades que jogam meus erros na cara e gritam a possibilidade da segunda vez. O medo de que o amanhã dos meus sonhos recentes não sejam tão azuis. O medo de descobrir porque tua imagem tanto me perturba... Medo do encanto de sonatas tímidas, que eu penso já ter escutado.

    Essas canções proibidas não podem ser tocadas... Não por agora. Deixe minha ferida cicatrizar. Deixe a neblina sair da estrada. Deixe que o Mystic faça seu trabalho... Eu agora só quero deitar e escutar as ondas quebrarem, enquanto vejo as coisas passarem na minha frente. Só quero paz, onde quer que eu vá. Só quero que eu não mais tropece em meus próprios verbetes... Não quero mais me enganar, e tenho medo. Tenho trauma. Tenho medo.

    Apenas... Apenas deixe o Mystic fazer seu trabalho.

A Espada.

    De que me adianta seguir em frente, se sei que mais adiante irei encontrar-te? De que me adianta ir, e tentar não pensar, e pensar no ódio, e relembrar o amor, e relembrar as coisas que um dia escreveram poemas tão lindos, se hoje já não queres mais viver tudo isso mais uma vez? De que me adianta tentar escrever mais versos, e mais parágrafos, e mais prosas, e mais poemas, e sempre receber uma nota frustrada escrita em papel pardo rasgado? Não... Não vou mais esperar por tuas rosas mortas.

    A vida me treinou. Com a espada em punhos, sempre me dizia quais situações mereciam piedade e quais mereciam ter o pescoço arrancado pelo aço. Com o escudo em meu braço, rebati, muitas vezes, os golpes proferidos contra minha dignidade. E minha armadura sempre foi a minha honra e meu orgulho. Mas quebraste minhas defesas. Retirastes minha honra qual fiapos de panos velhos, e encravastes tua lâmina em meu peito, em cheio em um coração desprotegido. A vida, minha mestra sublime, apareceu em minha frente, e proferiu todos os meus erros. Eu havia falhado.

    Por tempos então, vivia a seguir tua sombra, sentindo a dor de uma cicatriz, mas sem nunca reclamar. Vendastes meus olhos com aquele velho pano vermelho e então me acorrentou o pescoço. Foram muitos dias longe da minha espada. Mas enfim... Enfim o Sol nasceu.

    Por entre a luz do Sol vi tua verdadeira face. A face que expressava a tirania e o controle. Controle que, ao mínimo descuido, perdeste! Enfim, livre! Ao tomar de volta minha espada, perfurei-te o crâneo e, mesmo vendo que a ferida não foi tão forte assim, deixou-me ir.

    Em meio a palavras e algumas canções, eu voltei para minha mestra, que hoje me recebe de braços abertos. Minhas vestes, minha armadura, minha honra e, principalmente, minha vida, eram minhas outra vez. E sigo, então, por entre a floresta dos horizontes de outono. Mas agora, sem medo das canções de amor que antes me seduziam. Agora, a sedução resulta na espada. O aço responde por minhas ações, e não mais terei medo de lutar.

    Então, pergunto-te: De que me adianta seguir-te, se não mais me entorpeces? De que me adianta anotar frase que não vou usar? Pois bem, minha Linda... Já não faz diferença.

O Sol de Ícaro (Desabafo IV)

    Via-me completamente perdido. A neblina não me deixava enxergar e tudo parece cada vez mais turvo. Por muitas vezes tentei ver e todas foram apenas tentativas frustradas. Acho que isso ajuda a construir minha fama de pessoa soturna e exagerada. Queria só enxergar, mas meus óculos estavam sempre com as lentes sujas, e a realidade parecia aquela fantasia que tomos temos.

    Mas eis que vi, então, um molde. Molde de asas. Asas de cera. Meu caminho estava traçado: sair dessa prisão maldita de pensamentos errôneos usando minha mais nova esperança. Mas... Meu caminho é traiçoeiro. E então me vejo na dúvida de morrer na prisão ou morrer na queda pelas asas derretidas.

    Todos morremos. Mas saber a data da sua morte a torna mais tenebrosa. E cada vez mais você a teme, e cada vez mais a adrenalina sobe a mente. As coisas vem na sua mente e tudo o que te resta a fazer é escrever. Escrever e escrever muito, sem se preocupar se está bom, se as palavras fazem sentido ou se alguém vai falar mal. Afinal, de que importa, se vais morrer?

    A vida passa muito rápido. Piscamos os olhos e nossa adolescência chega ao fim. E pensamos que poderíamos ter feito mais merdas, pois, a partir de agora, seremos julgados pelas merdas que fizermos. E nossa vida agora se resume a acordar de manhã com dor no pescoço e vê seus ossos extremamente magros nos joelhos. E você não tem a quem culpar. E só te restam as asas de cera.

    Eu pulei. Eu não pensei e pulei, e me arrisquei, e vesti minhas asas e fui de encontro ao sol. A cera, agora parcialmente líquida, escorria por entre meu peito e eu via, em cada gota que caia em encontro a terra, as cenas das coisas que passei acreditando que eu poderia ser feliz me prendendo a coisas que não faziam sentido. E naquele momento em que eu percebi que comecei a cair, percebi a mais dura e triste verdade.

    O caminho da saída da prisão era a janela aberta. Mas o sol, meu destino, destrói minhas asas. É a morte ou a morte. Eu escolhi a mais livre dentre elas.

Tuas Cores.

    Pintas teu mundo de vermelho. O sangue que corre em ti é tão vermelho quanto tua paixão e teu prazer em amar a quem te quer. Mas vede: já não há mais motivos. Tua vida se resume ao verde-musgo frio de pensamentos vagos, e não mais naquela paixão que outrora foi por tantas vezes um carmim perfeito.

    Tinges seu mundo de azul, pra disfarçar as tonalidades de sua insatisfação. Procuras, falha e perdidamente, uma resposta para tuas perguntas criadas a partir de tentativas de se responder a outras perguntas. Sentes tua vida se tornando cada vez menos clara. O laranja, sempre tão extravagante, vai lentamente se tornando o pêssego quase indistiguível do salmon.

    As esperanças da esmeralda verde se dissipam em pequenos fragmentos cinzas. Tão cinzas quanto sua mente, que, ao pensar em cores que possam melhor seu humor, te colocam para baixo, em leves tons de sépia. Tua vida, sempre tão lomográfica, tão perfeita, agora se revela cada vez mais escura e cada vez mais próxima do preto.

    O preto. Preto é a obscura razão. A contentamento insatisfeito. E não, não lutar para mudar, apenas conformar. Conformar e registrar o momento da derrota em preto e branco.

    Será que és tão tolo a ponto de ver bondade até na hora de perder? Será? Talvez... Já não importa, afinal. Agora, tua pintura, que antes era o mais rico óleo, agora se assemelha a guaches infantis, e tuas conformações, tuas aceitações e tua falta de vontade própria se revelam a aquarela dessa guache de tons escuros.

    Poetizas teu mundo. Talvez o faça para desabafar. O pincel te mostra tua vida barroca, com as tuas imensas felicidades claras e iluminadas, seguidas por tuas depressões exageradas, escondidas nas sombras contrastantes. És, claramente, um homem insatisfeito, e com medo das pessoas. Não tenhas medo! A vida é curta e a dor não é tão glamourosa assim.

    Pintas teu mundo de vermelho. Se não pode ser vermelha, que pelo menos pareça.

Crônica II - Flores e sonhos

    "Ok, eu não vou mais sonhar", bradou para o espelho, com toda a convicção de alguém que acabara de passar por mais um trauma. Não era o mais esperto dos homens, mas sabia quando iria se dar mal. E era por que iria se dar mal que iria em frente com o projeto "suicida".

    Sonhar lhe era prejudicial à saúde. Lhe fazia tossir, espirrar e muitas vezes abria uma heinekens bem gelada pra se curar das eventuais dores de garganta. Sonhar era chato. Sempre os mesmos sonhos, os mesmo desejos, tanto carnais quanto os emocionais. Quero dizer, pra um cara de trinta e tantos anos, é deprimente morar sozinho em um apartamento pequeno em Boston. Principalmente da parte ruim de Boston.

    Mas é só falar que não quer mais esse coração, que ja bate a pena de jogá-lo na fogueira. "Acho que o que eu preciso é de mais cerveja..." pensou, e pegou a chave do carro encima da mesa de madeira totalmente marcada pelas inúmeras latinhas que ja tinham dormido ali. Andando pela avenida principal, viu aqueles outdoors enormes com mulheres que não parecem existir de tão perfeitas, promovendo um produto que não funciona. A mulher do canto lembrou ele daquela mulher que o fizera parar no espelho feito um idiota, e proclamar mantras pra esquecer da vida. Mulheres...

    Tudo que ele queria era uma simples noite de paz... É dificil viver em Boston, ainda mais quando sua única fonte de renda é uma mercearia, mas dormir não é tão dificil. Pelo menos não deveria ser. Ao entrar no mercado, viu outra mulher muito parecida com sua "ex-dor de cabeça". Ele não podia acreditar que nem mesmo longe dele ela não o deixara em paz. "Vou visita-la... Quem sabe isso não me acalme um pouco.". Foi isso que ele falou antes de pegar o terceiro engradado.

    De frente ao mercado, havia uma floricultura. Ele entrou e comprou algumas tulipas. A garota do caixa o olhava como se quisesse entender o que um cara com barba por fazer e jaqueta da Harley-Davidson fazia comprando tulipas. Logo tulipas... Como ele sabia o que eram tulipas?

    Depois de resmungar sobre o espanto da atendente, pegou o carro e seguiu. O caminho era escuro e, para deixar o cenário ainda mais melancólico, a chuva começou a cair sobre o parabrisa de seu Impala. Ele passou pelo portão do cemitério e foi em direção aos jazigos maiores.

    "Elizabeth C. White  1976 - 2007" eram as inscrições de um grande túmulo. Um dos maiores de todo o cemitério. Ele olhava fixamente pra foto desgastada, e seus olhos enchiam-se d'água. "Você me largou... E nem me ensinou a me apaixonar de novo, né? Você é uma egoísta". Ele deixou as tulipas encima de várias outras tulipas mortas, e voltou para casa. Afinal, ele tinha quatro engradados de cerveja pra colocar na geladeira.

    No caminho de casa, enxugou as lágrimas e pensou "Eu tenho que aprender a sonhar de novo..."

Dos poemas que não sei ler.

   Pessoas passam na calçada. Todas completamente focadas em seus trabalhos frios, e na saúde de seus bolsos. Todos preocupados em nunca decepcionar a própria conciência, que força-os a competirem pela liderança de um mundo utópico e fantasioso. Pessoas desconhecidas, que nunca foram antes vistas, ou pelo menos não de forma relevante. Ninguém nunca se perguntou quem são. Talvez sejam figurantes de sua vida.

   As vidas que essas pessoas carregam, no entanto, determinam a face de seu caráter. As várias personalidades da rua, que são tantas que parecem não caber em um único bar, são tão individuais que se tornou pecado julgar as pessoas sem conhecer pelo menos metade da vida delas, e ter a certeza de que a outra metade é completamente irrelevante.

   Você é tão dispensável quanto ela. Você é tão dispensável quanto todos eles. Você é um anônimo para aquele rapaz que você viu sentado no bar e ignorou. Você não é ninguém para aquela senhora do ônibus que franziu a testa ao te ver de fones de ouvido. Do mesmo modo como que para você, aquele garotinho que corria com seu amigo na rua, é mais um garoto de muitos.

   Cada pessoa tem uma história única e facinante para contar. Cada um de nós vive nossas vidas como se fossemos mais importantes, pois temos problemas mais complicados. As vidas são igualmente difíceis, na verdade. O que nos diferencia é a forma de resolver nossos problemas. Todos passam pelos mesmo problemas. É questão de caráter se dar bem na vida ou não.

   Cada pessoa que passa, com apenas um olhar, te conta uma poesia. Cabe a você, interpretar da forma correta, ou ignorar, como você sempre fez.

Novos Entendimentos. Por Joker.

 -Por Joker-

Como é possível que vários sentimentos ruins se tornem nada?
e como é possível que sentimentos bons voltem a me ocupar?
Tudo que eu precisei fazer, foi ouvir sua voz. Tudo que eu sempre precisei, foi ter você por perto!
Talvez se eu fosse um pouco menos egoísta.

Acho que no fundo, as coisas não são feitas conforme eu gostaria que fossem. Alguns planos foram por água a baixo, algumas decepções vieram pra superfície e se refletiram no que hoje, eu descobri que é a realidade!
Não digo que sou triste, não digo que sou feliz, e muito menos, não digo que sou incompreendido e que estou perdido! Pelo contrário, sempre que esbarro
num obstáculo, vejo que com certeza, vou esbarrar em mais um e mais um e mais um...
Já se sentiu, como se o que você mais precisasse fosse o mais simples e mesmo assim, de alguma forma, você não recebeu?

Os dias já não são simples como antigamente, a noite já não é tenebrosa como fora em outroras... Este velho conceito maniqueísta já não me serve mais
e algumas vezes eu temo o dia e prezo pela noite, sentindo que o mundo tá de cabeça pra baixo e que talvez o melhor seja aceitar!


Quando foi que as coisas ficaram dessa forma? Como foi que nunca percebi esse ar de mudança? Eu deveria ter me visto como que vê uma piada desde... quando?

-Por Joker-

Crônica I - O Andarilho.

  Frio. Noite. Praia. Andando sozinho e escutando a quebra das ondas, ele passeava por entre seus pensamentos. Seu casaco era bem quente, mas não iria fazer tanta diferença assim. Seu cérebro estava tão focado que não haveria tempo de sentir frio.

   Ele pensava sobre suas musicas, seus poemas e suas prosas. Valeram a pena?  Não sabia, mas ponderar não mata ninguém. O disperdício da criatividade e das idéias era seu maior medo, e seu maior ódio também. "Gastei minhas melhores palavras. Tolo,tolo!" pensava, enquanto, sentado naquele banco de pedra, olhava turvamente para o Mar.

   O Mar estava bem agitado, fazia barulho. Mas ele amava pensar sobre o som das águas. Afinal, água tudo limpa. E era exatamente isso que ele queria: limpar a mente. Não saber se quer seguir ou desistir é triste, eu o entendo. Ele olhava fixamente pra beira do Mar... em um surto de vontade, tirou os tênis e pisou na areia fria, e foi de encontro a água.

   O que ele sentia não fazia sentido pra quem era importante para ele, mas ja não mais importava. Ele estava no Mar. O Mar que o escutava no mais profundo silêncio. O melhor dos amigos. Sentindo as ondas em seus pés, começou a caminhar. Andando, e gradualmente desenhando um sorriso. Já não sorria a tempos. Era mais difícil do que aparentava. Não haviam motivos, e quando pensava que iria sorrir, não conseguia. Mas esse sorriso foi a melhor coisa que aconteceu a ele em tempos. Sentia-se completo

   Nada mais importava a ele. Aprendeu, finalmente, que tudo que precisava pra sorrir é paz, confiança e um pouco de água nos pés.

Desabafo III

  Amor pode ser bem traiçoeiro. Ele tem a incrível habilidade de se esconder entre as qualidades e defeitos de uma pessoa. Quando isso acontece, pensamos que amamos demais aquela pessoa, e que nada no mundo pode um dia abalar tal sentimento. Ledo engano.

   Sabe, não devemos criticar as pessoas que amamos. Ao machucar alguém, o amor se desprende dos músculos dessa pessoa e foge. Retorna quando o terreno é mais seguro. Quando ele retorna, você se sente abalado e até mesmo um idiota por ter ferido tantas pessoas. E pior, ainda ama quem você machucou. E você vai ficar nessa, de espantar o amor, e ele voltar, e vc ficar mal, e etc.

   O amor não se machuca. Ele permanece intacto. Bata em quem quiser, espanque quem for, você ainda a ama, não adianta. Você está fazendo isso errado. Odiar requer pensamento, amigo leitor... Pensar demais em uma pessoa é amor, mesmo que seja mascarado com ódio e rancor.

   O que eu quero dizer com esse texto? Nada de muito complexo, oras... O amor é traiçoeiro e não vai ligar se você se machuca com suas rasteiras. Ele te coloca a prova a todo segundo. Mas não se sinta mal se não passar no teste. Nem sempre as coisas vão como desejamos. Avisar isso de nada adianta, na verdade... Só aprendemos essas coisas quando caímos e nos machucamos. Mas o importante é que aprendemos, e quanto maior for a cicatriz, mais dificilmente você esquecerá, e jamais vai esquecer e cometer o mesmo erro.

Épocas. Por joker

Ah, mas que saudade do meu antigamente
Que falta que me faz
Apreciar cada segundo tão lenta e saborosamente
Não ter esse medo de ser incapaz

Mesmo que antes eu não desse valor
O avanço da idade traz seu temor
E se na epoca, eu poderia desistir
Atualmente, o meu caminho é persistir!

O futuro que hoje amedronta
não é a realidade que amanhã nos encontra
O heroi que hoje é a nossa inspiração
quem sabe, amanhã, não é o nosso vilão?


  -Por Joker-

Atos Ingratos. Por Joker.

   -Por Joker-
 
   Tanto barulho, tanta perturbação, tanta obstrução.
   O caos nas ruas não me deixa ouvir.
   O caos na alma já não me deixa sentir.
   A calmaria, minha utopia, me foge ao coração.

   Jogado na mente, um terceto ou quarteto expresso.
   Hibrido pensamento, que em mim se torna forte
   Borrando no papel, no soneto eu me expresso.
   Pensamento indesejado, te dou a vida e dou a morte!

   Nem tudo que se sente, se pode explicitar
   Em um precipitado momento de ódio
   A pessoa que se ama, você pode magoar

   Uma súbita vontade de descontar, de se revoltar
   Encontrar um novo vício, um novo ópio!
   E neste perigoso desacerto, acreditar se encontrar.




   -Por Joker-

Verso Livre.

   Palavras se tornam desafios
   E nossas mãos não mais suportam o peso das penas
   Escrever sobre nossos desvios
   Não mais inspiram outros Mecenas;

   Nossos versos não são mais lidos
   E as estrofes se perdem no horizonte
   Nossos textos são esquecidos
   Lançados no fogo aos montes;

   As rimas estão mortas
   E os conceitos ignorados
   Os ideais mal-amados
   E os trechos estão tortos;

   Escrever só não me é doloroso
   Porque também me é essencial
   Me livra de todo mal
   Me torna não tão calamitoso;

   É sempre um Labirinto
   Escrever sobre tuas vidas
   Lembrar-me das despedidas
   E então simplesmente escrever por instinto;

   Porque se escreves
   Sabes do que falo
   Sabes que nos tornamos vassalos
   De nossos versos amadores.

Tempo Vazio.

   Dia frio. Cai a noite e eu me pego deitado na grama, olhando o céu. Não sinto inspirações chegando. Não sinto meus batimentos cardíacos. Não sinto a presença dela. As vezes me pergunto se isso que eu sinto é saudável. Não só para mim, mas também para ela. Tenho medo das coisas mais simples dessa vida, e muitas vezes são medos vãos.

   Dia frio. Frio faz bem pra alma. Acalma, relaxa... de onde repouso, posso ouvir as ondas quebrando no mar. Esse pode ser o único motivo pra eu estar escrevendo. Não sei porque, mas esses dias não me tem sido favoráveis para a escrita. As linhas me escapam. As palavras me fogem. As letras me esquecem.

   Dia frio. O mais frio que eu consigo me lembrar. Lembro de muitos dias, e nunca vivi tanta frieza vinda de minha parte. Sinto-me frio. Sinto-me seco e sem vida. Mas sinto mais é saudade. Saudade daquele calor. Saudade de repetir sempre aquele "eu te amo" que sempre me fez tão bem. Sem ela, meus dias são horas desperdiçadas.

   Dia frio. No frio, não há força física que me esquente. Não há nada, na verdade. Só ela. Só ela sabe como fazer isso. Não sei como, mas ela sabe cada segredo que eu guardava naqueles cadernos velhos. Ela sabe tudo de mim. Mas a melhor delas é saber dar abraços tão amorosos, que esquentam qual lareiras.

   Dia frio. Eu amo dias assim. Dias frios são especiais para mim. São mais aconchegantes. São melhores. Mas nunca passei um dia frio com ela. Nunca saciei esta vontade. Mas, em algum momento da minha vida, esses dias que são perfeitos por eles mesmos, serão ainda melhores, pois ela estará ao meu lado.

   Dias frios, se longe dela, são apenas dias.

A Dança dos Dias.

  Sete da manhã e subitamente acordo. Estagnado com a veracidade de uma verdade obscura, procuro forças pra retomar minha consciência. Observo o teto que me protege da chuva corrente. Levanto-me. Por entre lentes sujas de um óculos velho, eu admiro as gotas de tristeza que ironicamente caem em um solo de tantos anos de alegrias. E, olhando pra chuva, percebo a falta que minha amada me faz. Ah, a vontade de amar... Amar às oito e meia.

   Condeno-me. Não seria necessário, mas condeno-me. Castigo-me. Repreendo-me por não poder estar onde deveria e onde gostaria de estar. Já não sinto vontades, se não a de amá-la cada vez mais. Pois é estranhamente confortável tê-la em meu peito. Ver seu rosto, perfeito em cada detalhe... Ter seu formoso corpo, tão próximo ao meu, e ter que largar. Frustração. Frustar-se faltando quinze minutos para as nove horas irrita qualquer um.

   Frustração parece-me o resultado de meses de esforço. Consolo-me. "Já não há o que fazer", digo eu, na tentativa desesperada de me sentir bem, mesmo com a partida. Penso em esquecer que tenho que me afastar. Já não me é opcional, oras. Derramar lágrimas não me ajuda. Prossigo com a minha manhã.

   Procuro café. Com uma xícara em mãos, continuo a ouvir o som da chuva. Minha atenção é chamada. Sento-me perante a grandiosidade da chuva. Sinto que meus olhos não são suficientemente perfeitos pra perceber tudo o que ela me representa. Meu coração traduz essa chuva para amor incondicional. Lembro-me do calor daquele corpo, perante ao delicioso frio desse inverno de quinze segundos. Não dá mais.

   Não tem como esquecer que terei que me afastar. Esquecer não me parece a palavra correta. Aceitar não me é cômodo, mas é o melhor. Aceito. Olho para meu malfadado relógio de pulso. Nove e treze da manhã mais chuvosa. Chuva... Viver a chuva é uma arte. E observando a chuva passar por entre meus dedos qual areia, Penso em telefonar. "É cedo, ainda.", repito, e mais uma vez retomo minha rotina melancólica. 

   Meio dia. Dia de chover. Dia de amar. Amar à distância. Não tenho como vê-la, telefono, finalmente. Ouço a doçura de uma voz inocente e serena, falando de todas as coisas. Começam as declarações, e assim vamos até o meio da tarde. Desligo o telefone. Três e quarenta e cinco da tarde.

   Continuo a imaginar o quão bom seria se ela estivesse ao meu lado. Penso no que ela poderia estar pensando... Penso na metafísica de um amor tão lindo. Não me sinto mais tão deprimido, mas ainda não estou completo. Lembro-me dos dias passados, onde eu olhava para os olhos dela, e via meu futuro passando como um filme antigo. Sinto um leve sorriso bobo, típico de um apaixonado, brotando no meu rosto. Lembrar-me dela não me deprimiu, mesmo sem ter a visto. Sinto-me surpreso! Surpresas no fim da tarde. O relógio da parede me fala que faltam vinte minutos para as sete da noite.

   Mas quando ouço o apito das dez da noite que eu volto. O toque de recolher leva o rei de volta ao castelo. E deitado na minha cama, desejo-a ali, do meu lado. Desejo que sua serenidade me sirva de calmante. Desejo que sua doçura me faça esquecer o frio. Desejo que seu corpo me cure o vazio. Convicto, falo que amanha será um dia menos triste. Ainda convicto, falo que meu amanhã não será tão a ver com ela. E o demônio que vive dentro de mim, que eu carinhosamente chamo de consciência, ri de mim. Eu sei que estou só brincando de ter razão. Onze da noite, e ainda não durmo.

   Duas da manhã, e não fecho meus olhos. não desejo parar de pensar naquela Mulher. "Que eu sonhe com ela", clamam meus lábios, e eu finalmente percebo a verdade. Tento tanto achar, mas sempre esteve na minha frente. Rio de mim mesmo. 

   Quando meu relógio marca duas e quarenta e quatro, finalmente durmo. E em meu sonho, percebo que é ela quem coordena meu cérebro. É ela quem escreve meu roteiro. E finalmente consigo dormir em paz. Paz temporária, mas continua sendo paz.

   Durmo para acordar às sete de novo, e buscar meu café de novo. E amá-la de novo. E telefonar de novo. E imaginar de novo. E olhar no relógio, inimigo carinhoso. E chegar a conclusão de que é você, minha amada, quem dita a dança dos meus dias.

Reflexo Sincero.

   Passei horas na frente de um espelho ensaiando ladainhas sem sentido, pra que quando chegasse o momento, pudesse recita-las em frente a teu semblante. Passei horas deitado em meu leito, imaginando, planejando e sonhando com o momento de finalmente olhar em teus olhos. O momento de finalmente mergulhar na perfeição. De, pelo menos por poucos minutos, estar ao lado da paz, materializada em uma Mulher que me faz tão bem, e que me é tão essencial quanto água.

   Passei horas na frente de um espelho, e olhando o reflexo de uma alma completamente apaixonada, e que gritava por mais uma dose de paixão. Clamava por mais minutos perfeitos como todos os outros em que estivera presente. Alma revoltada e em abstinência, com uma vontade louca de saciar o vício que criaste. Vício saboroso de viver. Vício que não me é nocivo a nenhum órgão, tirando o coração. Pois longe de você, meu coração é um músculo fraco. É um fardo a ser carregado por um corpo triste.

   Passei horas na frente de um espelho, e percebi que meu sorriso só aumentava, ao passo que os segundos que faltavam para que finalmente teus olhos se prostrassem diante dos meus se esvaiam. Percebi que meu sorriso é mais feliz ao teu lado. Minha vida é menos seca e meu rumo é mais certo. Tudo é mais prazeroso, simplesmente porque estás abraçada comigo. Percebi que meu mundo girava em torno de um amor que, de tão sincero, se tornou Sol de universos que só quem ama de verdade conhece.

   Passei horas na frente de um espelho, um espelho qualquer. Poderia ser qualquer um, pois todos refletem o mesmo semblante feliz. Minha face se torna uma outra face. Minh'alma se renova. Tens meu coração em tuas mãos. Te tenho em meus braços. Tenho felicidade infinita, de fonte interminável, e sempre cristalina. Vejo por dentro de nossas almas. Consigo enxergar muitas tribulações, mas todas se vão, só de te ver. O sorriso que abriste ao me ver... Minha alma sorriu junto com você. Viste?

   Passei horas na frente de um espelho ensaiando ladainhas sem sentido. Mas esqueci que ao te ver, não existe a necessidade de palavras. Nos entendemos em um olhar. Nos entendemos em um Beijo.

    Passei horas na frente do mesmo espelho, só pra te dizer com muito mais firmeza: Eu te amo.

Problemas, Tribulações e Pedras.

   Não me condenes por causa do amor que sinto. Olhe para dentro de si e procure por algo além de críticas! Não me amoles com teus erros e tuas falhas, apenas me deixe viver sem ter que pensar que te causei dor. A vida que outrora te deu tanta felicidade, com tuas brincadeiras, agora te passa rasteiras por entre precipícios infernais. É a vida que escolhestes seguir, e não mais posso te estender a mão.

   Não me condena a outra tarde neste inferno covarde, que de dor se alimenta, e com rancor se diverte. Meu universo é outro! É a pura felicidade, é a beleza de pássaros, e não a melancolia de morcegos. É amor de verdade, e não algo corriqueiro, que encontro em qualquer esquina. Teu universo não me interessa. Teus problemas me enojam. Tua tristeza não me causa mais nada, a não ser pena.

   Continua a chorar em cantos sujos e úmidos. Já não mais sou aquele que sente dó de qualquer um. E continua a conversar com entidades imaginárias, que te rodeiam e te falam mentiras, para que não mais chores. Continua a acreditar em teus horizontes mal desenhados, em tuas mentiras mal contadas, e tuas misérias poucas não mais te salvarão da dor que agora sentes.

    Negar que foi parcela grande em minha vida seria muita hipocrisia. Sim, fizeste parte dela, e parte importante. Mas a vida me ensinou que existem coisas no mundo que, se não forem superadas, te seguem para toda a vida, em forma de dor de cabeça. Não quero que me rondes todos os dias, nem que rosnes pra mim. Não mais sinto medo de você. E pela primeira vez, posso dizer que não mais sinto nada por você. Fizeste parte da minha vida... Parte importante... Mas parte essa que agora é ocupada por outras coisas.

   Não sou um insensínvel ou um coração de pedra. Não sou um monstro ou algo do gênero. Não sou nada. Mas sou o suficiente para te condenar à tudo o que ja foi citado. Porque eu... Eu te superei!

Falha.

   Olhe em volta. Pessoas andando, passando, pensando o que fazer para jantar. O que comprar com seu dinheiro sujo. Qual veneno beber amanhã. Animais implorando por comida, e pessoas simplesmente passando. Andam, olham para frente, e só enxergam suas barreiras invisíveis, que separam o ideal do real. Teu amigo te pede ajuda! Teus companheiros te gritam! Mas... que veneno beber amanhã?

   Olhem todos! Ignorância, petulância, indiferença e falsidade em uma só sociedade! Todos com olhos flamejantes, mirando a riqueza de seus irmãos. Tantas raposas juntas... Tanta sujeira junta. Asco. Não me vem outra palavra na cabeça se não asco. O mais puro, límpido e cristalino asco. Matilhas inteiras, se matando por um pedaço de carne grande o suficiente para todos. Ambição nunca foi o forte do ser humano, mas sempre foi o esporte favorito de todos.

    Mas eu ainda tenho esperanças. Esperanças de que um dia as pessoas vão olhar para baixo de seus pedestais, e ver em um mendigo, não "apenas" um mendigo, mas sim um semelhante. Esperança de que o mundo seja da forma com que as crianças o veem. Pacífico e azul. Mas principalmente pacífico.

  Mas eu ainda tenho esperanças... Mas o que? Eu ainda tenho esperanças? Que ingênuo de minha parte... Mudar é extremamente fácil. Mas é caro demais. Porque gastar mais ouro em mudanças, quando se pode comprar venenos?

   E ainda não decidi que veneno tomar amanhã.

Taça de Vinho.

  Proponho um brinde à tudo aquilo que ainda não passou pela minha vida. Coisas essas que ainda se encontram em estado de graça. Um brinde à todos que ainda não amei, odiei, ou até mesmo conversei. Esses são dignos de paz eterna. Não cruzem comigo na esquina daquele bar sujo no fim do bairro... Nem mesmo lá vais encontrar teu sossego, e não serei eu quem irei dar-te.

   Bendito aquele que não precisa de notícia ruim para chorar. Aquele que controla seus sentimentos, e sabe que estar sóbrio é vital em certos momentos. Bendito aquele que não depende do outro pra ver os trastes que o rodeiam. Bendito aquele que sabe andar com as próprias pernas.

  Proponho um brinde às pessoas que não se escondem atrás das bandeiras de seus ideais. Um brinde à todos os homens que seguram em armas por si mesmos, e não por que o mandaram fazer. Um brinde à você, que lê os desabafos sem nexo de um amigo aflito. Um brinde à quem não se importa, pois está fazendo outra coisa. Um brinde à essa coisa que impede o outro de enxergar os problemas de seus semelhantes... Certamente, olhar os pássaros é mais importante que tirar teu irmão de um precipício. Salvar teu irmão de um vício. Um brinde e meus parabéns.

  Um Brinde às coisas que nunca foram brindadas antes. Bendita as coisas que não sejam benditas.

Sobre os dias... Por Joker.

-Por Joker-


Tem dias que eu me sinto tão vazio, mas ao mesmo tempo, tão cheio de pesares.
Tem dias que nem tudo é tão perfeito quanto eu imagino que poderia ser, quando acordo.
Tem dias que o alcool também não me entende e de repente, eu não amo todo mundo.
Tem dias que eu espero pela noite, só pra poder esperar chegar um novo dia.
E nesses dias, a hora parece parada. E se arrasta, como se a dor que se sente na alma, fosse nada

Nada do que você disser, vai me alegrar. Não existe fala que eu não possa contra-argumentar!
Mas eu fico muito melhor, só em saber que você está tentando, acho q no fundo é o que realmente vale.
Acho que no fundo, tudo que eu quero é acreditar nessa mentira que eu conto, cada vez que dou um sorriso.


O texto acabou ficando meio triste, é por isso que eu não gosto de escrever. A única hora da minha vida que eu sou triste, é quando eu falo pelo coração.

-Por Joker-

Nuvens Negras.

Deitar na grama e olhar o céu. Um hobby, um estilo de vida. Uma forma de Paz. Azul, calmo, sereno... Sempre tão relaxante... Mas sempre que pensamos que nada no mundo poderia ser mais lindo, o céu fecha. O que outrora foi azul, hoje enxergo cinza claro, cinza escuro... Cinza.

Será que sempre que as coisas "não poderiam ser ruins, em nenhum aspecto", elas ficam? Será que eu não vou ter um minuto de Paz plena? Sempre haverá algo na minha cabeça, ocupando e ocupando... e Batendo, e fazendo doer... Sempre? Eu só queria que as coisas funcionassem da forma que eu pensei, da forma que eu imaginei. Siga meus passos! Ouça-me! Eu estou berrando entre surdos? Só queria ela ao meu lado, é pedir demais?

Privar alguém de algo pode ser doloroso. Privar alguém do Amor deveria ser crime. Ouviste, Vida? Vês o que fizeste? Achaste bonito? Pois um dia irás tropeçar em suas próprias armadilhas. Vida... Vida... Por que me abandonaste?

Mas eu dou Graças a Deus. Sinto-me mal, mas agora, mais aliviado, posso perceber que talvez as coisas estejam sendo feitas para o meu bem. Não posso vê-la. Não posso beija-la, nem abraça-la... Mas posso ouvir a serenidade, a doçura, a plenitude de uma voz que me traz, ironicamente, uma absurda Paz.

Isso tudo existe para lembramos de que por trás do céu cinza, por trás de cada chuva, existe ainda a beleza e a esperança de um céu azul e pacífico. Enquanto isso, irei eu, em companhia com Deus, tentar fazer desses dias nublados, os mais azuis possíveis. Mas inevitavelmente, meus dias só são limpos, quando a tenho em meus braços.

Desabafo II

Chega a ser cômico. Um dia estar com tal humor, em outro dia com outro... Sinceramente não sei como tantas pessoas me aguentam... É até meio incômodo essa constante inconstância de humor e até mesmo de personalidade. Querer ser algo que não sou irrita. Querer me tornar algo idealizado me incomoda.

Não que não me ache bom o suficiente pra esse mundo. Longe disso até. Sem querer me gabar, mas me acho bom o suficiente pra sobreviver por anos neste lixo de mundo. Mas essas decisões precipitadas que eu tomo é que me matam. De vez em quando tenho sorte de conseguir voltar atrás e consertar as coisas, colocá-las da forma que eu queria... Mas nem sempre se dá essa sorte. Ainda existem muitas coisas que eu gostaria que tivessem tomado outro rumo... Mas eu supero. Quem sabe.

Por esses motivos eu tento me camuflar. Não funciona, anotem. Chega a incomodar mais do que os motivos que o fizeram chegar a tal ato. Não ha palavras pra descrever, é simplesmente incômodo. Até porque eu gosto muito de quem eu sou, e tenho orgulho do que me tornarei. Lutar pra conquistar, não pra mudar.

Mas nas escolhas em que posso voltar atrás, acho que a melhor coisa que fiz foi parar, pensar, e ver que sem ela meu mundo nada é. Sem ela eu não sou vida. E, como já dizia Nenê Altro, "A beleza está em não ter pressa". Colocar isso na cabeça e aprender a conviver com isso salva minha vida, e controla minha variação de humor.

Soneto da Partida.

Ah meu Amor, és tão perfeita
Tão doce, tão bela,
Das criaturas, a mais singela
Que em um olhar minh'alma endireita.

Olhos Apaixonantes
Que não me deixam fugir
E me dá pena partir,
Te deixar aqui nessas terras errantes

Escrevo-te este soneto, Amor
Por ti perco meu sono
Pra que lembres que jamais te abandono

E lembrar-te que essa dor
Que eu tanto desabono
Não mais existirá no nosso outono.


Tadeu Santos

Otimismo. Por Joker.

-Por Joker-

Eu vinha me perguntando como seria o futuro. O que eu estaria fazendo? Com quem eu estaria? Onde eu estaria? Assim, eu poderia me direcionar para a coisa, caso gostasse e caso não gostasse, tentar consertar, enquanto houvesse tempo! Mas... O fato de você conhecer o seu futuro, já muda tudo!

E se você ficar pensando nisso por muito tempo, cara, você vai surtar, é sério! Houve uma época em que eu só sabia pensar nisso e não via presente nas coisas. E quando você tiver tudo o que você sonha atualmente? O que será seu futuro? A morte? Não, não, não! Definitivamente, não!

O atual é o bem mais importante que temos, o que mais precisamos, não é do futuro, é de saber muito bem como levar nossas vidas... Entender que o amanhã não é o seu desejo, muito menos um enigma a ser desvendado, é o reflexo do hoje. Você pode pensar que sou experiente, ou insano. Pra mim, não faz diferença! A experiência te eleva tanto, que aos olhos dos que ainda não foram testados, você pode ser comparado às mais diversas coisas...

Pode ser visto como doido ou gênio, no fundo talvez não haja diferença entre um lado e o outro da linha tênue que separa as coisas! Assim como o amor e o ódio, que são sentimentos que podem se misturar, muitas das vezes... Acredite você ou não!
Se existe esse tal de destino, eu vou te dizer o seu! É superar obstáculos! Na verdade, você não tem muitas opções, mas sempre ha escolhas!
Ou você faz isso ou vai ser engolido, ou você se supera, ou vão te superar!

PS: Espero que tenham gostado da mudança do foco do texto, mas quero que saibam que no fundo tudo remete ao mesmo, e acredito que a seguinte frase traduza exatamente o que quero dizer: Conhece-te, aceita-te, supera-te. (Santo Agostinho de Hipona)

-Por Joker-

Abraços Perdidos.

As vezes sentimos medo das coisas... nos sentimos inseguros com coisas que não representa perigo algum, mas queremos um abrigo, queremos um afago... queremos calma. Queremos quem nos faz bem aqui, do nosso lado. Queremos um carinho especial, que só uma certa pessoa consegue dar. Queremos um abraço.

Eu sinto muita falta dos abraços que recebia. Talvez seja o que mais me faz falta... Aquele abraço sem hora, sem pedido... Apenas estender os braços e receber toda a calma e amor que o mundo pode oferecer. Aquele carinho que sempre nos faz falta, que se senta ao lado da chuva, a observa, sentindo aquele friozinho, e desejando mais do que tudo um simples abraço dela...

Sabes do que falo? Me entendes? Sentes o mesmo que eu? É difícil, não, Leitor? Como procedes? Me responda, por favor... Já não mais aguento esperar tanto tempo por um abraço. Claro, não é um "simples" abraço... É todo um complexo de amor, afeto, intimidade e carinho, representados ali, por entre os braços de duas pessoas que se gostam muito. Mas faz muita falta. Não sabia que iria ser tão difícil ficar sem o abraço de uma pessoa... Na verdade, nunca pensei que isso poderia acontecer comigo... Agora que eu sei o que é na pele, não desejo isso nem para meu pior inimigo. É péssimo saber onde está o amor, como chegar até ele... mas nada poder fazer... Dói.

Cada dia é mais um martírio... Não que meus dias não sejam divertidos. Na verdade, é sempre bom viajar, olhar lugares novos, ou simplesmente admirar paisagens bonitas que já se tenha visto... Mas sei lá, acho que poderia ser melhor se ela estivesse ao meu lado... Se ela pudesse me dar um abraço... Gosto da companhia dela, e sinto falta disso... sinto falta de estar ao lado dela, como quem sente falta de quem ama... A amo, oras, qual o mal em sentir falta de um abraço?

Preocupação.

Eu, particularmente, não gosto de ficar preocupado com nada. Mesmo que seja com algo importante pra mim. Mas de uns dias pra cá, eu meio que estou me preocupando demais com coisas que eu nem devia me preocupar...

Essas coisas me ocupam a cabeça e não me deixam pensar nem no que realmente importa, nem no que eu deveria estar preocupado. Mas... se não meus atuais problemas, o que mais me importa? Não saber a resposta de perguntas que faço a mim mesmo me aflige. Eu me sinto despreparado para olhar no espelho, e encarar o causador de tantos problemas.

Não é raiva de mim mesmo, apenas é que eu gostaria de umas respostas... Por que eu me importo tanto? Por que colocar tudo isso na frente de tudo, se não tenho certeza de nada? Por que não focar nas coisas que eu deveria focar? Como pode algo me fazer ficar de uma forma tal, que nada mais parece me importar? O que sinto é realmente tão forte assim? É possível isso? É incrivel tudo isso, não acha, Leitor? Perguntas que, feitas para os outros, talvez a resposta estivesse na ponta da língua... mas se você se perguntar, não terá a resposta assim tão facilmente...

O pior de tudo é que, muitas vezes, com muitas coisas, me preocupo atoa... Com coisas que sei a resposta, mas que, por algum fator estranho, me abala e me deixa preocupado. Eu seiq ue tenho que parar com isso, mas é difícil. Não é simplesmente parar e dizer "a partir de agora não mais me preocuparei com isso e com aquilo". É um lento processo de auto-controle e auto-confiança.

Sinto-me mal por isso... É até ofensivo eu estar assim, por isso peço desculpas a você, que sabe que isso que escrevi, escrevi pensando em você.

Você. Por Joker.

-Por Joker-

De repente, tudo ficou tão diferente, as coisas mudaram de um jeito tão estranho, nem parece que poderia ser previsto.
Mas quando eu reparei, pareceu que eu fui atingido por algo que causou um grande impacto e gerou uma enorme saudade de como as coisas eram antes...
E então veio na minha mente o trecho da música: "Nada do que foi será, de novo do jeito que já foi um dia ...". Tenho um certo medo de que isso seja verdade,
pois eu meio que me acostumei a me sentir feliz do jeito que eu me sentia, mesmo que ninguém notasse tanto, e talvez nem note a diferença agora,
... Eu gostaria de saber... Você também se sente assim? Ou sou só eu ? Você reparou alguma diferença ? Você se importa? Ou simplesmente tá deixando as coisas
fluírem pra ver onde vão chegar?
Eu só queria dizer que ... sinto saudades, e gostaria de saber que você também sente, da mesma forma que eu!
Se um dia, você vier a ler isso e entender que é pra você ... por favor, não deixe de me dizer seus sentimentos! No fim, eles valem mais pra mim do que os
meus próprios!

-Por Joker-

Amor.

Muitas musicas que eu ouço, agora, tem outro significado. Antes eu as ouvia com um ouvido critico, analisando a melodia, a composição e os arranjos. Hoje, ouço com ouvidos apaixonados.
As letras de muitas musicas adquiriram outro sentido! Um sentido que faz sentido! Um sentido mais agradável aos meus ouvidos e ao meu espírito.

Muitos textos que eu leio, agora, tem outro significado. Antes eram apenas mais uma combinação de letras, formando sentenças com um sentido qualquer. Agora, os mesmos textos que antes eu lia, agora me remetem a esse sentimento puro e magnífico que toma conta de mim!
Muitos livros, agora, me lembram meu interior e me remetem a outro mundo. Um mundo onde pequenos detalhes não existem. É tudo grandioso, lindo, puro e belo.

Muitas paisagens que hoje vejo, não mais as vejo como antes via. Agora esses vales, essas montanhas, essas florestas e essas praias não são mais apenas paisagens bonitas. São paisagens que lembram-me dela. Lembram-me de sua Beleza, que, sempre escrita com letras maiúsculas, é tão grande e reluzente quanto o azul do céu, se fundindo com a profundidade do mar. É tão estonteante quanto a grandeza de toda uma vida criada em meio aquele verde tranquilo e sereno.

Muitas das coisas que hoje faço, não mais faço pelos mesmos motivos que outrora fiz. Agora, os faço pelo bel prazer de me lembrar dos bons tempos. Tempos em que a barreira da distância não existia. Tempo em que todo o amor, todo o sentimento de amizade plena e perfeita, cabia (e ainda cabe!) no breve espaço de um abraço!

Muitas coisas me lembram a minha felicidade em forma de Mulher. A felicidade, que mesmo distante, não deixa de existir. E nunca deixará, digo eu! Pois amor que se acaba, jamais foi amor. E sei que o que sinto, é amor.

Desabafo. Por Joker.

-Por Joker-

Não ha outra palavra para descrever o que sinto por mim mesmo, senão decepção ...
com certeza, não é bom sentir isso, principalmente por si mesmo. Sentir que seu objetivo está longe de ser alcançado pelas suas prórprias mãos,
sentir que suas forças são completamente inúteis, por mais q vc se esforce, você não pode mudar o que te incomoda e te perfura o coração.
Tem algo mais triste do que não conseguir alegrar a pessoa que te deixa feliz ? Será que eu não entendo como as coisas funcionam?

Por que, pelos meus olhos, as coisas não são tão complicadas? Eu queria poder ser algo melhor do que eu sou ... talvez assim, eu espantasse
toda a tristeza q rodeia as pessoas que eu amo, talvez eu simplesmente não seja a melhor pessoa para fazer alguem se sentir tão bem perto de mim, quanto
eu me sinto, quando estou perto dela. Esse tipo de pensamento sempre me leva pro futuro, e poir, pra incerteza.
Será que essa capacidade que eu tenho, de ignorar os problemas quando estou com alguem que gosto é um dom, ou um grande defeito? um pouco dos dois, eu diria.
Me sinto bem por poder carregar meus fardos sozinho! Mas não me sinto no direito de desejar que mais alguem tenha essa capacidade, o que é quase que inevitável
Será que eu sou egoísta, por me sentir desse jeito ?

"Namoro não é tudo na vida". Quando eu penso nessas palavras, eu vejo o quão errado meus pensamentos eram, e ainda são, pra ser sincero.
Tem um pouco de verdade nessas palavras, mas na minha opinião, tem muito mais de crueldade.


A perfeição que eu almejo, é só uma utopia, nada mais! Tudo tem seus prós e contras... "Quod me nutrit me destruit" (O que me alimenta, me destrói)
Não estou dizendo que sou todo tristeza, muito pelo contrário... maior parte de mim, é felicidade, mas parte desta, depende da felicidade alheia.
Como poderia alguem ser feliz, vendo um outro alguem triste?

-por Joker-

Joker é uma pessoa que dividirá o Blog comigo, para que possa, quando desejar, desabafar e aliviar seus sentimentos de forma a não se identificar.

Um Conto.

Era mais uma daquelas noites melancólicas... Kiefer não parava de observar a lua. Cheia, Brilhosa e resplandecente, assim como o amor que sentia por Linda, sua namorada que ficou na Alemanha esperando o retorno de Kiefer da Noruega.
Kiefer é Pesquisador de campo da Universidade de Munique. Foi convocado a uma viagem de ascenção em sua carreira para uma pesquisa envolvendo células-tronco na Noruega. Ficou feliz, óbviamente, ao receber a notícia, e festejou muito ao lado de Linda e amigos. Mas ao descobrir que teria que ir sozinho, pois a empresa que o contratou não estava disposta a arcar com as despesas, teve que ir e deixar a namorada (que seria sua noiva em quatro dias, no aniversário de três anos do primeiro beijo deles) na Alemanha.
Felizmente, em Oslo (capital norueguesa), fez algumas amizades. Dentre elas, uma antiga amiga de Linda que ainda mantinha contato com a mesma pela internet. Kiefer não gostava muito de computadores. Aprendeu um pouco em sua faculdade, ja que os equipamentos médicos de ultima geração clamam por esse tipo de conhecimento.

- Falou com Linda hoje? perguntou Kiefer
-Não... infelizmente não a vi on-line por esses dias. Respondeu Agnes
-Ah sim... Bem, obrigado mesmo assim.

A saudade corroia os dois corações. Era como um parasita se alimentando da felicidade de Linda e da concentração de Kiefer. Depois de seis meses longe, o desempenho de Kiefer começou a cair. Ja não mais o via com aqueles olhos verdes focados em sua profissão. E nem Linda, jovem vivaz, se via sorrindo pelas praças alemãs, como de costume. Isso ja preocupava os vizinhos da jovem.

-Tudo bem com você, Linda? parece tão amoada... logo você, que sempre estampava esses lindos dentes brancos em seu rosto!
-Pois não me sinto bem pra sorrir, Dona Inga... Meu namorado viajou pra muito longe de mim, e sinto saudades dele...
-Mas você não pode deixar essa saudade matar você! Sabe, meu falecido marido teve que ir pra Guerra do Vietnã... Eu sentia tantas saudades dele... Mas infelizmente ele lá ficou... Morreu em apoio aos Estados Unidos.
-Puxa vida, que história Triste, Dona Inga!
-Foi muito dificil pra mim viver sem meu marido por todos esses anos... Mas eu sinto suas orações até mim vindas de lá de cima, minha filha... e isso me conforta muito. Ao dormir, quando for rezar, lembre-se de fechar os olhos e tentar sentir as orações de Kiefer.
-Obrigado, Dona Inga... Muito obrigado.

Enquanto isso, em Oslo, Kiefer estava mais uma vez olhando pra lua. Era vendo aquela luz iluminando todo o pensamento dele em relação a ela. A perfeição era feita nos olhos dela, e os olhos dela o retribuiam com amor e afeto. Todo esse amor o fazia falta, e ele ja não mais aguentava de saudades. Foi então que decidiu arriscar:

-Reitor? Está aí?
-Olá, Kiefer! Que veio fazer aqui? Algum prblema no laboratório?
-Não... É que me falaram que o senhor tem um telefone pago pelo governo aqui...
-Sim, eu o uso para algumas tareffas urgentes... Por que a pergunta?
-Bem, acontece que eu tenho uma namorada... uma noiva, que está na Alemanha, minha terra natal. Sinto muitas saudades dela, e queria saber se poderia deixar eu telefonar pra ela... Juro que ficarei menos de dez minutos!!
-Tudo bem... mas não demore! E que isso não vire rotina!

As mãos de Kiefer Tremblavam. Era como se sua felicidade estivesse correndo por aqueles fios enrolados na mesa de mogno do Reitor. Apoiou-se na janela, e, observando a lua, mais uma vez iluminando outro romance, ouviu o prazer e a felicidade:

-Alô?
-Linda! Olá! Como você está, Amor?
-Kiefer? É realmente você? Pensei que não ouviria sua voz até o ano que vem! Que saudade!
-Pois é, eu consegui um telefone especial, mas não posso demorar muito. E então, me contas algo?
-Nada que já não saibas... Lembra de minha amiga Terry? Lembra do namorado dela? Ja saiu do coma e está em casa com ela! ... Deixe-me ver o que mais... Bem, minha mãe falou que recebeu uma carta assinada por você, mas que me mandaste no inicio de nosso namoro! Os correios da Almenha ja foram melhores...
-Nossa, parece que tens apenas noticias boas!
-Sim, é como se tudo se tornasse repentinamente bom ao seu lado... ou pelo menos, ao lado de sua voz.
-Não fale isso que ficarei triste, Linda... Bem, as pesquisas estão indo muito bem... descobrimos métodos novos de implantação das células no tratamento de cancer, mas ainda está em fase de teste... essa fase termina em quatro meses, depois será os testes em humanos, por dois meses, e, se der tudo certo, nossa premiação e meu retorno a Alemanha!
-Apenas seis meses? Acho que aguento... Mas não tarde mais que isso... Estou morrendo de saudades suas.
-Também estou. Na verdade, estou fascinado. Tudo, absolutamente tudo o que faço me lembra você. estou sempre pensando no nosso futuro, no nosso passado e, mais ainda, nas dificuldades que passamos juntos no nosso presente. Eu te amo de forma incondicional. De uma forma tão plena que eu simplesmente não consigo dizer por telefone. Quando estou no laboratório, lembro de você por causa do Branco dos trajes, sua cor favorita. Lembro-me de noassas brincadeiras e nossos beijos por entre a fria e áurea neve alemã. Quando estou ouvindo nossa musica, sinto a batida da bateria e a batida do meu coração em perfeita sincronia... e lembro-me de tudo o que passamos juntos. Sinto-me muito feliz ao teu lado, e agradeço todos os dias a Deus por ter ajudado a te encontrar. Eu te amo muito, Linda... Muito!
-Puxa vida, Kiefer, que palavras mais lindas! Sinto-me uma idiota por não poder fazer nada, com esse embasbacamento que me tomou agora! Tanta coisa que tenho pra te dizer, tantas coisas que gostaria de fazer com você. Sinto falta de nossos passeios no parque, das nossas sessões de cinema, das nossas noites em casa, assistindo filmes antigos e bebendo vinho. Tantas coisas... Tantas saudades...

E subitamente a ligação cai. "Já ultrapassou minha cota do mês, Kiefer... Me desculpe.", disse o Reitor. Kiefer pediu desculpas pela demora no telefone e foi para seu alojamento. Após o banho, foi para fora do prédio e deitou no campo. olhando pra cima e procurando, por entre as nuvens, a Lua. Linda, em Munique, fazia o mesmo do lado de fora de sua casa. Enquanto os dois, separados por milhas e milhas de distância, observavam a Lua, era como se o calor de um fosse passado ao outro... e, em um raro momento no dia de Linda e de Kiefer, a felicidade e o consolo eram sentidos mutuamente.

-Continua... ?-
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