Do Nada

   Senti vontade de escrever algo que não existe. Estou escrevendo agora, mas não tenho um assunto ou um texto ja pronto em minha mente. Estou simplesmente deixando os meus dedos dançarem sobre o teclado do meu notebook. Por esse breve momento eles são independentes. É como um show de dança mesmo: deixo eles soltos e vejo o que pode sair, se é uma obra de arte ou mais um rascunho que vai ser excluído.

   Tenho medo de acontecer isso e ficar um texto massante, sem muito o que dizer. Sem um motivo. Coisas sem motivo me irritam. Mas talvez pior que um texto massante seria um texto pequeno demais. Textos pequenos nunca me anima, não sei porque. Acho que meus textos pequenos precisam ter muita bagagem de informação pra existirem, senão ficam sem razões de ser.

   Ou talvez eu tenha algo muito pesado nas minhas costas pra desabafar, mas ainda não tenho coragem de falar. Então eu enrolo, eu deixo isso tudo mais prolixo, só pra poder aliviar minha consciência e falar que falei bastante, mesmo não tendo dito nada.

   A verdade é que eu gosto de escrever. Eu preciso escrever. Não tem como resistir, muitas das vezes. Por várias vezes eu vim escrever um pouco e apaguei o que tinha escrito. Não queria postar, apenas escrever já era o suficiente pra mim. Já está se tornando algo inconsciente.

   O único problema de escrever assim sem muito assunto é que eu fico sem frase de efeito para o final.

Separate Ways

   Quando te conheci, pensei muitas coisas. Pensei que seríamos amigos pra sempre. Pensei que viajaríamos juntos um dia. Pensei que poderia te contar qualquer coisa. Até pude te contar qualquer coisa, por um tempo considerável. Até fomos amigos pra sempre, por um tempo.

   Quando eu te conheci tive uma idéia de você. Mas você é outra coisa. Você é outra pessoa. Você é algo completamente incompatível comigo. Você não pode ser pra mim como eu estava disposto a ser por você.

   Admito que sempre tive certos interesses em você que iam além da amizade. Não sei porque, mas sempre existiu desejo. Mas não havia nada da sua parte, a não ser a falta de bom-senso. Não havia nada, a não ser uma ligeira falta de respeito pelos meus sentimentos. Não havia nada que prestasse pra mim.

   Desculpa, mas as coisas não podem ser como são. E não vão ser como eu queria que fossem. Mesmo que você mude, vai continuar faltando algo. Sempre vai faltar algo. Sempre falta.

   Não sei o que fazer agora. Não sei se desisto, se tento conviver com minha decepção com você ou se simplesmente jogo tudo pro alto e espero você sentir minha falta. Não sei. Acho que é hora de seguirmos nossos caminhos separados.

   Se quiser de volta, sua foto está em algum lugar da Avenida Brasil.
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