Épocas. Por joker

Ah, mas que saudade do meu antigamente
Que falta que me faz
Apreciar cada segundo tão lenta e saborosamente
Não ter esse medo de ser incapaz

Mesmo que antes eu não desse valor
O avanço da idade traz seu temor
E se na epoca, eu poderia desistir
Atualmente, o meu caminho é persistir!

O futuro que hoje amedronta
não é a realidade que amanhã nos encontra
O heroi que hoje é a nossa inspiração
quem sabe, amanhã, não é o nosso vilão?


  -Por Joker-

Atos Ingratos. Por Joker.

   -Por Joker-
 
   Tanto barulho, tanta perturbação, tanta obstrução.
   O caos nas ruas não me deixa ouvir.
   O caos na alma já não me deixa sentir.
   A calmaria, minha utopia, me foge ao coração.

   Jogado na mente, um terceto ou quarteto expresso.
   Hibrido pensamento, que em mim se torna forte
   Borrando no papel, no soneto eu me expresso.
   Pensamento indesejado, te dou a vida e dou a morte!

   Nem tudo que se sente, se pode explicitar
   Em um precipitado momento de ódio
   A pessoa que se ama, você pode magoar

   Uma súbita vontade de descontar, de se revoltar
   Encontrar um novo vício, um novo ópio!
   E neste perigoso desacerto, acreditar se encontrar.




   -Por Joker-

Verso Livre.

   Palavras se tornam desafios
   E nossas mãos não mais suportam o peso das penas
   Escrever sobre nossos desvios
   Não mais inspiram outros Mecenas;

   Nossos versos não são mais lidos
   E as estrofes se perdem no horizonte
   Nossos textos são esquecidos
   Lançados no fogo aos montes;

   As rimas estão mortas
   E os conceitos ignorados
   Os ideais mal-amados
   E os trechos estão tortos;

   Escrever só não me é doloroso
   Porque também me é essencial
   Me livra de todo mal
   Me torna não tão calamitoso;

   É sempre um Labirinto
   Escrever sobre tuas vidas
   Lembrar-me das despedidas
   E então simplesmente escrever por instinto;

   Porque se escreves
   Sabes do que falo
   Sabes que nos tornamos vassalos
   De nossos versos amadores.

Tempo Vazio.

   Dia frio. Cai a noite e eu me pego deitado na grama, olhando o céu. Não sinto inspirações chegando. Não sinto meus batimentos cardíacos. Não sinto a presença dela. As vezes me pergunto se isso que eu sinto é saudável. Não só para mim, mas também para ela. Tenho medo das coisas mais simples dessa vida, e muitas vezes são medos vãos.

   Dia frio. Frio faz bem pra alma. Acalma, relaxa... de onde repouso, posso ouvir as ondas quebrando no mar. Esse pode ser o único motivo pra eu estar escrevendo. Não sei porque, mas esses dias não me tem sido favoráveis para a escrita. As linhas me escapam. As palavras me fogem. As letras me esquecem.

   Dia frio. O mais frio que eu consigo me lembrar. Lembro de muitos dias, e nunca vivi tanta frieza vinda de minha parte. Sinto-me frio. Sinto-me seco e sem vida. Mas sinto mais é saudade. Saudade daquele calor. Saudade de repetir sempre aquele "eu te amo" que sempre me fez tão bem. Sem ela, meus dias são horas desperdiçadas.

   Dia frio. No frio, não há força física que me esquente. Não há nada, na verdade. Só ela. Só ela sabe como fazer isso. Não sei como, mas ela sabe cada segredo que eu guardava naqueles cadernos velhos. Ela sabe tudo de mim. Mas a melhor delas é saber dar abraços tão amorosos, que esquentam qual lareiras.

   Dia frio. Eu amo dias assim. Dias frios são especiais para mim. São mais aconchegantes. São melhores. Mas nunca passei um dia frio com ela. Nunca saciei esta vontade. Mas, em algum momento da minha vida, esses dias que são perfeitos por eles mesmos, serão ainda melhores, pois ela estará ao meu lado.

   Dias frios, se longe dela, são apenas dias.

A Dança dos Dias.

  Sete da manhã e subitamente acordo. Estagnado com a veracidade de uma verdade obscura, procuro forças pra retomar minha consciência. Observo o teto que me protege da chuva corrente. Levanto-me. Por entre lentes sujas de um óculos velho, eu admiro as gotas de tristeza que ironicamente caem em um solo de tantos anos de alegrias. E, olhando pra chuva, percebo a falta que minha amada me faz. Ah, a vontade de amar... Amar às oito e meia.

   Condeno-me. Não seria necessário, mas condeno-me. Castigo-me. Repreendo-me por não poder estar onde deveria e onde gostaria de estar. Já não sinto vontades, se não a de amá-la cada vez mais. Pois é estranhamente confortável tê-la em meu peito. Ver seu rosto, perfeito em cada detalhe... Ter seu formoso corpo, tão próximo ao meu, e ter que largar. Frustração. Frustar-se faltando quinze minutos para as nove horas irrita qualquer um.

   Frustração parece-me o resultado de meses de esforço. Consolo-me. "Já não há o que fazer", digo eu, na tentativa desesperada de me sentir bem, mesmo com a partida. Penso em esquecer que tenho que me afastar. Já não me é opcional, oras. Derramar lágrimas não me ajuda. Prossigo com a minha manhã.

   Procuro café. Com uma xícara em mãos, continuo a ouvir o som da chuva. Minha atenção é chamada. Sento-me perante a grandiosidade da chuva. Sinto que meus olhos não são suficientemente perfeitos pra perceber tudo o que ela me representa. Meu coração traduz essa chuva para amor incondicional. Lembro-me do calor daquele corpo, perante ao delicioso frio desse inverno de quinze segundos. Não dá mais.

   Não tem como esquecer que terei que me afastar. Esquecer não me parece a palavra correta. Aceitar não me é cômodo, mas é o melhor. Aceito. Olho para meu malfadado relógio de pulso. Nove e treze da manhã mais chuvosa. Chuva... Viver a chuva é uma arte. E observando a chuva passar por entre meus dedos qual areia, Penso em telefonar. "É cedo, ainda.", repito, e mais uma vez retomo minha rotina melancólica. 

   Meio dia. Dia de chover. Dia de amar. Amar à distância. Não tenho como vê-la, telefono, finalmente. Ouço a doçura de uma voz inocente e serena, falando de todas as coisas. Começam as declarações, e assim vamos até o meio da tarde. Desligo o telefone. Três e quarenta e cinco da tarde.

   Continuo a imaginar o quão bom seria se ela estivesse ao meu lado. Penso no que ela poderia estar pensando... Penso na metafísica de um amor tão lindo. Não me sinto mais tão deprimido, mas ainda não estou completo. Lembro-me dos dias passados, onde eu olhava para os olhos dela, e via meu futuro passando como um filme antigo. Sinto um leve sorriso bobo, típico de um apaixonado, brotando no meu rosto. Lembrar-me dela não me deprimiu, mesmo sem ter a visto. Sinto-me surpreso! Surpresas no fim da tarde. O relógio da parede me fala que faltam vinte minutos para as sete da noite.

   Mas quando ouço o apito das dez da noite que eu volto. O toque de recolher leva o rei de volta ao castelo. E deitado na minha cama, desejo-a ali, do meu lado. Desejo que sua serenidade me sirva de calmante. Desejo que sua doçura me faça esquecer o frio. Desejo que seu corpo me cure o vazio. Convicto, falo que amanha será um dia menos triste. Ainda convicto, falo que meu amanhã não será tão a ver com ela. E o demônio que vive dentro de mim, que eu carinhosamente chamo de consciência, ri de mim. Eu sei que estou só brincando de ter razão. Onze da noite, e ainda não durmo.

   Duas da manhã, e não fecho meus olhos. não desejo parar de pensar naquela Mulher. "Que eu sonhe com ela", clamam meus lábios, e eu finalmente percebo a verdade. Tento tanto achar, mas sempre esteve na minha frente. Rio de mim mesmo. 

   Quando meu relógio marca duas e quarenta e quatro, finalmente durmo. E em meu sonho, percebo que é ela quem coordena meu cérebro. É ela quem escreve meu roteiro. E finalmente consigo dormir em paz. Paz temporária, mas continua sendo paz.

   Durmo para acordar às sete de novo, e buscar meu café de novo. E amá-la de novo. E telefonar de novo. E imaginar de novo. E olhar no relógio, inimigo carinhoso. E chegar a conclusão de que é você, minha amada, quem dita a dança dos meus dias.

Reflexo Sincero.

   Passei horas na frente de um espelho ensaiando ladainhas sem sentido, pra que quando chegasse o momento, pudesse recita-las em frente a teu semblante. Passei horas deitado em meu leito, imaginando, planejando e sonhando com o momento de finalmente olhar em teus olhos. O momento de finalmente mergulhar na perfeição. De, pelo menos por poucos minutos, estar ao lado da paz, materializada em uma Mulher que me faz tão bem, e que me é tão essencial quanto água.

   Passei horas na frente de um espelho, e olhando o reflexo de uma alma completamente apaixonada, e que gritava por mais uma dose de paixão. Clamava por mais minutos perfeitos como todos os outros em que estivera presente. Alma revoltada e em abstinência, com uma vontade louca de saciar o vício que criaste. Vício saboroso de viver. Vício que não me é nocivo a nenhum órgão, tirando o coração. Pois longe de você, meu coração é um músculo fraco. É um fardo a ser carregado por um corpo triste.

   Passei horas na frente de um espelho, e percebi que meu sorriso só aumentava, ao passo que os segundos que faltavam para que finalmente teus olhos se prostrassem diante dos meus se esvaiam. Percebi que meu sorriso é mais feliz ao teu lado. Minha vida é menos seca e meu rumo é mais certo. Tudo é mais prazeroso, simplesmente porque estás abraçada comigo. Percebi que meu mundo girava em torno de um amor que, de tão sincero, se tornou Sol de universos que só quem ama de verdade conhece.

   Passei horas na frente de um espelho, um espelho qualquer. Poderia ser qualquer um, pois todos refletem o mesmo semblante feliz. Minha face se torna uma outra face. Minh'alma se renova. Tens meu coração em tuas mãos. Te tenho em meus braços. Tenho felicidade infinita, de fonte interminável, e sempre cristalina. Vejo por dentro de nossas almas. Consigo enxergar muitas tribulações, mas todas se vão, só de te ver. O sorriso que abriste ao me ver... Minha alma sorriu junto com você. Viste?

   Passei horas na frente de um espelho ensaiando ladainhas sem sentido. Mas esqueci que ao te ver, não existe a necessidade de palavras. Nos entendemos em um olhar. Nos entendemos em um Beijo.

    Passei horas na frente do mesmo espelho, só pra te dizer com muito mais firmeza: Eu te amo.

Problemas, Tribulações e Pedras.

   Não me condenes por causa do amor que sinto. Olhe para dentro de si e procure por algo além de críticas! Não me amoles com teus erros e tuas falhas, apenas me deixe viver sem ter que pensar que te causei dor. A vida que outrora te deu tanta felicidade, com tuas brincadeiras, agora te passa rasteiras por entre precipícios infernais. É a vida que escolhestes seguir, e não mais posso te estender a mão.

   Não me condena a outra tarde neste inferno covarde, que de dor se alimenta, e com rancor se diverte. Meu universo é outro! É a pura felicidade, é a beleza de pássaros, e não a melancolia de morcegos. É amor de verdade, e não algo corriqueiro, que encontro em qualquer esquina. Teu universo não me interessa. Teus problemas me enojam. Tua tristeza não me causa mais nada, a não ser pena.

   Continua a chorar em cantos sujos e úmidos. Já não mais sou aquele que sente dó de qualquer um. E continua a conversar com entidades imaginárias, que te rodeiam e te falam mentiras, para que não mais chores. Continua a acreditar em teus horizontes mal desenhados, em tuas mentiras mal contadas, e tuas misérias poucas não mais te salvarão da dor que agora sentes.

    Negar que foi parcela grande em minha vida seria muita hipocrisia. Sim, fizeste parte dela, e parte importante. Mas a vida me ensinou que existem coisas no mundo que, se não forem superadas, te seguem para toda a vida, em forma de dor de cabeça. Não quero que me rondes todos os dias, nem que rosnes pra mim. Não mais sinto medo de você. E pela primeira vez, posso dizer que não mais sinto nada por você. Fizeste parte da minha vida... Parte importante... Mas parte essa que agora é ocupada por outras coisas.

   Não sou um insensínvel ou um coração de pedra. Não sou um monstro ou algo do gênero. Não sou nada. Mas sou o suficiente para te condenar à tudo o que ja foi citado. Porque eu... Eu te superei!

Falha.

   Olhe em volta. Pessoas andando, passando, pensando o que fazer para jantar. O que comprar com seu dinheiro sujo. Qual veneno beber amanhã. Animais implorando por comida, e pessoas simplesmente passando. Andam, olham para frente, e só enxergam suas barreiras invisíveis, que separam o ideal do real. Teu amigo te pede ajuda! Teus companheiros te gritam! Mas... que veneno beber amanhã?

   Olhem todos! Ignorância, petulância, indiferença e falsidade em uma só sociedade! Todos com olhos flamejantes, mirando a riqueza de seus irmãos. Tantas raposas juntas... Tanta sujeira junta. Asco. Não me vem outra palavra na cabeça se não asco. O mais puro, límpido e cristalino asco. Matilhas inteiras, se matando por um pedaço de carne grande o suficiente para todos. Ambição nunca foi o forte do ser humano, mas sempre foi o esporte favorito de todos.

    Mas eu ainda tenho esperanças. Esperanças de que um dia as pessoas vão olhar para baixo de seus pedestais, e ver em um mendigo, não "apenas" um mendigo, mas sim um semelhante. Esperança de que o mundo seja da forma com que as crianças o veem. Pacífico e azul. Mas principalmente pacífico.

  Mas eu ainda tenho esperanças... Mas o que? Eu ainda tenho esperanças? Que ingênuo de minha parte... Mudar é extremamente fácil. Mas é caro demais. Porque gastar mais ouro em mudanças, quando se pode comprar venenos?

   E ainda não decidi que veneno tomar amanhã.

Taça de Vinho.

  Proponho um brinde à tudo aquilo que ainda não passou pela minha vida. Coisas essas que ainda se encontram em estado de graça. Um brinde à todos que ainda não amei, odiei, ou até mesmo conversei. Esses são dignos de paz eterna. Não cruzem comigo na esquina daquele bar sujo no fim do bairro... Nem mesmo lá vais encontrar teu sossego, e não serei eu quem irei dar-te.

   Bendito aquele que não precisa de notícia ruim para chorar. Aquele que controla seus sentimentos, e sabe que estar sóbrio é vital em certos momentos. Bendito aquele que não depende do outro pra ver os trastes que o rodeiam. Bendito aquele que sabe andar com as próprias pernas.

  Proponho um brinde às pessoas que não se escondem atrás das bandeiras de seus ideais. Um brinde à todos os homens que seguram em armas por si mesmos, e não por que o mandaram fazer. Um brinde à você, que lê os desabafos sem nexo de um amigo aflito. Um brinde à quem não se importa, pois está fazendo outra coisa. Um brinde à essa coisa que impede o outro de enxergar os problemas de seus semelhantes... Certamente, olhar os pássaros é mais importante que tirar teu irmão de um precipício. Salvar teu irmão de um vício. Um brinde e meus parabéns.

  Um Brinde às coisas que nunca foram brindadas antes. Bendita as coisas que não sejam benditas.
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