Desabafo VIII

   A realidade é que o amor inexiste pra mim. Amor de mulher, amor de amantes. Amantes... As poucas que tive me deixaram uma marca tão profunda e tão única que eu talvez esteja com um fortíssimo trauma. Ou então eu sempre tive isso, mas agora que despertou. Ou eu simplesmente cresci e vi que sim, existem coisas mais importantes que isso, no fim das contas.

   As pessoas que me rodeiam colocam os relacionamentos em pedestais. Seus amantes são a maior fonte de problemas e felicidades que eles possuem. É estranho quando eles me contam, e eu não sei o que falar. Não há experiências a serem partilhadas, e eu posso acabar falando uma besteira. Eu fico quieto no meu canto esperando o tempo passar.

   No meu caso extremamente particular, não houveram finais felizes: Tudo foi uma grande sucessão de acontecimentos inconvenientes e no final aqui estou, criticando algo que nunca provei. Dezoito anos não foram suficientes para encontrar aquele amor... Eu não vou deixar de esperar, e até procuro pela pessoa, mas confesso que as vezes bate um enorme desânimo.

   Por que? Simples, ora: Nada na minha vida amorosa faz sentido e isso me irrita. Eu sou uma pessoa que é apaixonada por significados, pela lógica e pelo raciocínio. Se algo foge dessas três coisas, esse algo me irrita. Os motivos pelos quais minhas amantes me largaram são tão oblíquos que foram necessário quase um ano pra que eu pensasse "É verdade, eu estou falando de lógicas femininas". Faz sentido. Pra elas, mas faz.

   Enfim, no final das contas eu sou um ranzinza que reclama do amor por puro recalque. Eu bem que queria ter um bem grandão, estilo cinema. Mas me contento com o que me oferecem.

   Dezoito anos sem muito amor, mas muito feliz, obrigado.

Desnecessário.

   Chega um ponto da vida que a gente para de acreditar que as pessoas são capazes de suprir qualquer expectativa que você tem sobre elas. Gente que é incapaz de gerar felicidade alheio, pelo simples prazer de impor-se sobre os outros. Pela simples vontade de mostrar que está "no comando da parada" ou porque simplesmente não quer dar o braço a torcer e dizer "Realmente, você tem razão".

   Eu sempre fui tolerante com as pessoas. Sempre. Mas existem esses tipos que não conseguimos engolir quando vemos. Gente que tem sede de ver infelicidade, que parece não suportar ver um grupo de pessoas felizes. Esse tipo de gente não tem como relevar.

   O pior é que as vezes a pessoa não é assim, mas tem atitudes que leva a sua mão ao rosto, e com muita dor no coração a gente se pergunta "Por que, meu Deus?". Talvez seja por isso, pelo simples fato de que como uma certa camada de gente espera isso dela, ela ignora apenas pra mostrar que faz o que quer. Pra chamar atenção mesmo.

   É o tipo de atitude que eu acho desnecessária. Não há motivos pra querer ser o centro das atenções. Todos te olham, e depois? O que você vai fazer? Nada! Não tem o que fazer depois. Por isso eu desgosto com tudo essas pessoas que possuem essa sede.

"Você existe, eu sei"

   Eu tenho andado por vários lugares, e eu tenho a mania estranha de olhar pro rosto de cada pessoa que passa por mim. Eu tenho observado os passos de todas as pessoas. Mas, na verdade, só procuro uma pessoa. O grande problema é não saber quem eu procuro.

   Imagino como ela deve ser: Talvez ela seja alta, com pele tão clara quanto seus olhos grafite e cabelos loiros. Ou quem sabe uma pele morena, mais brasileira mesmo, e olhos castanhos, combinando com seus cachos. Não sei a aparência, o tom de voz, o humor, onde mora, de onde veio ou pra onde vai. Mas sei que você está perto.

   Eu não sei quem você é, mas eu sou completamente apaixonado por você e tenho fotos suas em vários quadros espalhados pela minha mente. Tenho memórias futuras. Tenho tantas coisas pra te dizer e te mostrar que nem sei por onde começar.

   Mas eu preciso te encontrar primeiro. Quem sabe já encontrei e não sei... Quem sabe, né?

Quando a Música acaba


   Um Jazz calmo. Talvez até um rock "a lá" The Doors. Nada melhor pra ajudar a relaxar. Jim Morisson parece que conhece cada parte de mim muito bem. Jim Morisson e Jhon Coltrane. Esses infelizes são os únicos que me acalmam. São meu amigos.


   Esses dias os dias tem sido regados a solidão e jogatinas. Eu, assim como um certo personagem de um certo livro, acho a solidão algo apreciável e maravilhoso. Não é "antes só do que mal acompanhado", é mais porque sozinho eu penso mais... Eu reflito sobre tudo. E, geralmente, quando estou sozinho no quarto pensando, eu estou ouvindo Jazz. Quando eu estou simplesmente deitado na cama, o som é Power Metal, mas o significado é outro... O Jazz tem um significado maior na minha vida, já que esteve presente em momentos onde tomei decisões importantes. Lembrando que eu estou incluindo The Doors na lista, mesmo sendo Rock.

   Por que essas musicas me acalmam? Não sei... Talvez seja por que não demonstre preocupações... Apenas esperam o Sol... Desejos de pecadores normais como todos os outros, que não sabem o que fazer quando a música acaba. Soldados desconhecidos, mas que moram na porta ao lado. Pessoas que desejam que os pássaros os levem em seu vôo... Sim... É por isso que eu me acalmo ouvindo Jazz. Ouvindo The Doors.

   O Blues que desenha a reflexão e a beleza da tristeza. O Jazz que traz consigo a solidão e as memórias passadas. O Rock que chacoalha seus ombros e te acorda. É disso que o mundo é feito. É em função disso que o mundo gira.



  "The Future's uncertains and the end is always near"
     Roadhouse Blues - The Doors
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