Como Morrem os Poetas

Da vida se criam letras
Das letras, palavras
E das palavras todo um coração

Dos corações, saem as veias
Levando o escarro vermelho
Que tanto me alimenta a paixão

Mas de tanto ver, de tanto sonhar
Já me perdi várias vezes
E, aparentemente, jamais me encontrei

Porque se te prostras a escrever
Deves sempre saber o que dizer
E eu não sabia, só relatava o que sonhei

E se isso ocorre, se esvai minha inspiração
Se prende minha respiração
E nada mais posso poetizar

E, sem nada poder fazer
Vejo meu papéis, meu mundo se desfazer
E perco a capacidade de rimar

Heineken

        No fim do mês as coisas parecem cada vez mais tristes. As reflexões só te levam ao fundo de um abismo e nos vemos mais uma vez pensando no que nos faz mal. Tudo que me faz mal e me faz errado. Tudo que me leva a pensar...

        Agora me vejo no espelho como um pateta. Um pateta que dá valor a quem não me deu valor, e não dando valor a quem me dá o devido valor. Me igualando a corja que eu tanto amo. E a vida ri, enquanto continua a me enganar. Foco. Foco.

        Vida me desgasta. Viver me cansa, as vezes. Não, nunca pensei em parar, meus motivos são fúteis demais pra tal coisa. Mas sim, as vezes cansa. As vezes deito na cama e sinto uma força estrondosa me empurrar contra o colchão. Chame do que quiser, pra mim é culpa, com um pouco de raiva e cansaço. Só preciso fechar os olhos e dormir. Dormir de verdade, e só acordar quando você morrer.

        Amigos, refúgios, trincheiras, solidões e Heinekens. Mulheres, problemas, dores e, por fim, mais Heineken.

Alternativas

Já que temos que existir, Amor
Tentemos viver

Já que vamos morrer, Amor
Tentemos ser felizes

Já que será falha essa rima, Amor
Tentemos não ouvi-la

Já que tudo era mentira, Amor
Tentemos esquecer

Já que sumiste para todo o sempre, Amor
Que sejas feliz, de braços vazios;

Do que lembrar mais adiante;

Não há inspiração
Não há esperanças mais
Não há luz no fim do túnel
Não há vontade de ter algo a mais
Não há chances de entender
Não há estrelas brilhando dessa vez;

Mas não há tristeza.

Sinatras de olhos tristes

     Sempre acordo sem lembranças
     Apenas tentando ter esperanças
     De que, quem sabe, haverão mudanças
     Mas que ainda restariam algumas semelhanças

    Como viver sem tua imagem?
    Como adormecer sem essa plumagem?
    Porque tudo que quero é curar-me da dor
    E te seguir, seja pra onde for

   Eu já não ouço a banda tocar
   Só penso em te tocar, te ter e te olhar
   Mas como posso apagar tuas dores,
   Se a Morte quer beijar-te, e queres beija-la de volta?

   A herdeira das tardes róseas
   Tardes encobertas por brumas
   Herdeira do meu domínio
   Cantas meus desejos em silêncio

   Mas não deveria me preocupar tanto
   Nem sei se é um motivo para um pranto...
   E eu nem sei mais se o que eu sinto existe
   Talvez eu seja mais um desses Sinatras com o olhar triste
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