Visão mais otimista

   Eu tenho que parar de ser pessimista. Tenho que parar de pensar que as coisas não vão ser da maneira que eu quero, ou que eu pretendo que sejam. Mas não sei porque, isso não é algo muito fácil, pra mim. E não entendo como pode ser algo fácil pra outras pessoas.

   Eu preciso de visão de futuro. Preciso parar de pensar que só porque eu tive uma experiência ruim, todas as minhas experiências serão ruins. Não é porque meus últimos amores tiveram um final dramático demais que eu não deva dar uma chance a esse carinha chamado amor. Ele até parece legal.

   O problema, no geral, não é o amor em si. Se eu consigo odiar tantas coisas, consigo amar também, oras. O problema é que, ao contrário do ódio, o amor entre duas pessoas depende das duas. Mesmo que eu ache até interessante amores platônicos, admito que é idiota amar quem não te ama e ainda ter consciência disso. Mas o problema não é como os problemas clichês de "Ah, quem eu amo não me ama", mas sim "Não há ninguém pra amar" ou até mesmo "Poucas pessoas me encantam".

   E também meu problema que já passou a ser uma idiossincrasia minha: Não ser o tipo de ninguém. Acho que essas duas frases são as que me descrevem melhor: "Sou aleatório demais" e "Não sou o tipo de ninguém". Conviver com isso é o que há.

   Mas olha, eu tenho problemas piores... A única coisa é que esse me dá mais dor de cabeça. Só isso.

Anti-socialismo Temporário

   As vezes eu preciso de um tempo sozinho. Um tempo onde eu converse comigo mesmo, me conte piadas e ria, como um idiota faria mesmo. As vezes é preciso ser idiota. Não quer ter auto-conhecimento seja idiota, mas é que nos sentimos a vontade pra fazer idiotices quando estamos sozinhos. Eu sinto falta da solidão, as vezes. Falta da minha privacidade.

   Um tempo bom é o tempo que tenho em casa. Fico tranqüilo em casa, no meu computador, ouvindo uma boa musica, ou então assistindo TV (menos freqüente, mas acontece). As vezes leio, então levanto e vou pro computador. Ligo a TV. Desligo e volto pro livro. Eu faço que quero. Eu sou completamente livre dentro de casa. Posso pensar no silêncio total, ou refletir com um Jazz tranqüilo: Quem decide sou eu.

   Gosto muito da companhia dos amigos. Gosto de companhia, em geral. Mas as vezes queremos estar sós, e tem alguém do seu lado. As vezes queríamos que ela não estivesse ali, mas não por não gostar dela, mas sim por gostar mais de si mesmo.

  Vou ver se nos tempos futuros eu tento preservar-me mais... Me manter menos sociável. Quem sabe assim eu não consigo esse tempo sozinho que eu sinto falta... Quem sabe.

A Correnteza II

   Se passou muito tempo desde que escrevi "A Correnteza". Eu o li a alguns momentos atrás. Eu falava de medo de perder o que não é de minha posse, e de cair em sedução por mais uma vez, e por mais uma vez essa sedução me enganar e me machucar. Bem, meus medos se concretizaram, mas já faz tanto tempo que não resta nem mesmo uma cicatriz pequena na memória. 

   Na época do primeiro texto eu era muito diferente. Eu era um cara que acreditava nas palavras apaixonadas de uma pessoa de forma cega. Eu tinha a mania de acreditar nas pessoas em geral, de uma forma um tanto cega. Eu sempre acreditei, desde pequeno, mas agora eu nem mais consigo fazer amigos. Medo seria a palavra. Não há como não sentir medo, mas eu não ouvia o medo e me atirava. No final das contas, eu não tinha matado um inocente, eu era apenas inocente demais pra perceber que era eu o inocente morto pela mente confusa. No final das contas, eu era o cadáver literário jogado no Mystic...

   Eu dizia "Tenho traumas e medos" mas fui tolo e os superei. Aprenda isso: Não devemos superar medos, devemos ouvi-los e respeita-los. Não necessariamente segui-los, mas nunca ignora-los por completo. Eles querem nos dizer algo. E o que é o trauma, se não um medo muito grande? E se tem algo que é maior que você, você deve respeita-lo, ou sairá machucado.

   Eu dizia que devíamos deixar o Mystic fazer o seu trabalho, mas no final das contas tentei criar uma ponte e atravessa-lo. Mas a minha ponte era de seda. Panos finos, que rasgaram e eu morri afogado em uma água que tinha verdades demais. E depois de morto que fui perceber: Não é assim que as coisas funcionam.

   No final, a correnteza me levou. Eu voltei, como segunda chance, segurando um escudo chamado Insegurança e uma espada chamada Medo.
Return top