Relatos Prolixos

É muito bom se sentir aliviado! É bom saber que suas preocupações se desvanecem como em um passe de mágica!

O melhor do alívio é a sensação de despreocupação que ele proporciona. Tira aquele peso terrível das suas costas. Também é muito bom se aliviar das coisas preocupantes pois fica mais fácil se concentrar nas coisas menores... Mesmo que, no meu caso, não seja tão menor assim!

Mas não desfoquemos... Prossigamos admirando esse incrível sentimento! Que, se visto de outra forma, pode ser descrito também como estado de espírito. um daqueles estados de espíritos mais reconfortantes. é como pagar todas as dívidas de uma vez só.

O único problema é quando se acostuma com o peso nas suas costas... e depois que ele se vai, ainda ficamos um pouco encurvados, nos acostumando com o nada nas costas... Como no Mito da Caverna, de Platão.

No mito, um escravo, preso pelas pernas, mãos e pescoço, fica trancado em uma caverna escura. Eram três, se não me engano... O ponto é que um deles se solta de suas amarras (que representam as coisas materiais que nos prendem a esse mundo) e foge da caverna (que representa o mundo), indo para o lado de fora (o Céu, ou paraíso). Mas, por ter passado tanto tempo dentro da caverna escura, suas pupilas não se acostumaram à nova claridade, fazendo com que o escravo, por um tempo, se sentisse incapacitado de abrir os próprios olhos (o que representa a dificuldade de aceitação da morte). Mas, ao conseguir abrir os olhos, vê o mundo maravilhoso do lado de fora e fica encantado!

Depois disso, o escravo segue para dentro da caverna de novo, dessa vez para libertar seus dois outros companheiros, mas esses, ao perceberem o que ele estava fazendo, tentam matá-lo (pois estão acostumados a esse mundo, e têm medo de mudar, mesmo que falem que o outro mundo é bom, o que mostra a materialidade do ser humano para com a aceitação da verdade)e permanecem na caverna, enquanto o já liberto foge, indo para o lado de fora sozinho.

É um bom mito, mas o ponto que eu queria chegar era o dos olhos do escravo, que se cegam temporariamente, pois ha uma transição repentina de realidade. É isso que não deixa as pessoas se moverem, mesmo depois de terem se livrado de seus pesos das costas.

É triste, eu sei... Mas é tudo questão de tempo. Pois, no dia da morte, os problemas não seguem com você para o outro Plano. Apenas o que vai é a memória, que, na minha humilde opinião, é o que realmente conta.